Capítulo 102

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– Eu não vou morrer. – Ainda não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.
– Sempre dificultando as coisas. – Jogou o cigarro no chão. – Você já está morta, só não sabe.
Cassandra partiu pra cima de mim dando-me um soco. Caí sobre uma das mesas, totalmente indefesa.
– Não é possível. – Chocada, arregalei os olhos não compreendendo como podia sentir tanta dor.
Cassandra sorriu indicando sua cabeça e não entendi o que estava querendo dizer. Antes que eu tivesse forças para levantar, ela se armou com uma cadeira e veio até mim.
Com as pernas tremendo, rastejei para longe dela e busquei forças para correr.
– Sua covardia me irrita! – Vociferou.
Assim que consegui ficar de pé, ela atingiu minhas costas com a cadeira e a dor foi alucinante.
– AAAAAAAAAAHHHHH! – Desabei de joelhos, com as mãos nas costelas. Cassandra se colocou bem na minha frente e ergueu a cadeira de aço para me golpear mais uma vez. – Não faça isso. – Implorei fechando os olhos.
Ela não se compadeceu e senti um grande impacto no meu rosto e ombro. Caí para lado espirrando... Sangue? Não suportando a dor, comecei a chorar.
– Ótimo. Mais essa? PARE DE CHORAR SUA IMBECIL!
– SOCORROOOO! – Gritei o mais alto possível. – ALGUÉM ME AJUDE!
– Ninguém vai te ajudar. – Colocou o pé em minha garganta. – Existem tantas diferenças entre nós... – Bufou. – Eu nunca me prestaria a esse papel ridículo.
Coloquei as duas mãos em seu tornozelo, tentando debilmente afastar seu salto da minha garganta.
– Não... – Gemi usando o que sobrara de minhas forças, mas de nada adiantava diante do poder opressor de Cassandra.
– Não te farei mais sofrer, acabarei com isso agora. – Respirou fundo e empurrou ainda mais o pé e minha garganta.
Não tive como lutar contra sua dominação e não consegui mais respirar. Sangue saia por minhas narinas e desejei uma morte sem sofrimento. Então eu pensei nele... Em Bruno. E em todas as coisas que deixei de dizer, em tudo que reprimi por muito tempo. Eu não queria morrer sem lhe dizer “eu te amo”. Do que teria valido a minha vida se não pudesse dizer a alguém ao menos uma vez... “eu te amo”?
Do meu olho direito brotou uma lágrima só para ele. Para tudo que vivemos juntos, desde ódio não justificado à vingança infame, e, finalmente... O amor. Um amor não vivido em sua total plenitude por causa da minha insanidade. Da minha incapacidade de lidar com a realidade e a dor. A quem eu culparia agora pela minha miséria? A única culpada era eu mesma por ter alimentado o ódio de tal forma que ele absorveu tudo à sua volta, como um grande buraco negro.
Então desisti de lutar por ar e me agarrei às lembranças. Nelas me fundiria até que não sentisse mais nada. Momentos, poucos, mas momentos intensos e significativos que decoraram minha curta e estranha vida. Bruno estava na maior parte das minhas lembranças boas, ofuscando totalmente as ruins e me fazendo não ter mais medo.
– O que está acontecendo? – Cassandra empurrou o pé e não senti nada.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora