Capítulo 37

3 0 0
                                    

Eu sei que está aí. – Me afastei com a nítida impressão de que tinham agulhas perfurando meu peito.
– Que bom que sabe. – Abriu a porta com a face fechada em rancor.
– O que está fazendo? – Era difícil demais perguntar.
– Estou pagando na mesma moeda. –Respondeu com os olhos marejados.
Balancei a cabeça tentando falar, mas não consegui. Eu sabia que merecia, só que a dor da traição anula a lógica.
– Você nos humilhou, Bruno! – Começou a gritar soluçando. – Jogou tudo que construímos no lixo por causa de uma vagabunda. Tanto que fiz por você, tanto que...
– Do que está falando? Tanto que fez por mim? – Ri sem humor. – Você não era absolutamente ninguém quando te conheci. Não era por minha causa que bancava a “santinha” do colégio. Fazia tudo isso para ser respeitada e admirada. Então, por favor, não me venha com esse papo
– Está brincando? – Se revoltou. –Denunciei o Sal para você ser o melhor Falcon. Fiz isso pelo seu futuro, seu cretino ingrato!
– O quê? – Deixou-me ainda mais perplexo. – Foi você?
– Quem mais teria coragem? – Fitou-me com ódio.
Decidido a não me deixar distrair por aquilo, puxei Ana pelo braço desbloqueando a passagem e invadi o cubículo a fim de acabar com a raça do covarde escondido ali. No entanto, quando coloquei os olhos no individuo, um nó se formou em minha garganta.
- Foi mal, cara. – Nelio murmurou.
Preferia que Ana tivesse transado com o time inteiro, mas não com Nélio. Éramos amigos desde que me entendia por gente. O cara era a única pessoa no mundo em que eu confiava... e a única que não tinha motivos pra me trair.
– Por quê? – Se havia algo sólido dentro de mim, começara a rachar naquele instante.
– Achei que estava tudo bem já que... fez o mesmo com a novata. – Pigarreou fechando a calça. – Não vamos deixar isso afetar nossa amizade, certo? São só garotas!
– Nunca transou comigo, mas transou com ele? – Encarei Ana.
– Não vou carregar o apelido de corna. –Cruzou os braços. – Prefiro ser chamada de qualquer outra coisa, menos de corna.
Ana estava mais preocupada em salvar o que restou de sua reputação do que com o nosso relacionamento.
Precisei sair do banheiro para não sufocar. Sem rumo, não sabia que direção tomar, então caminhei pelo corredor principal. De repente, ouvi meu nome ser chamado pelos alto-falantes. Imediatamente fechei os olhos, sentindo que toda uma vida de dedicação fora arruinada pela exploração do meu pior erro.
– Bruno, espera! – Nélio me alcançou e ousou colocar-se diante de mim. – Cara, não vale a pena ficar bolado por isso. Não estou tentando roubar sua namorada, foi só sexo.
Uma cortina vermelha fechou-se sobre minha visão esmigalhando o resto de dignidade que ainda me restava. Em um ímpeto, empurrei Nélio contra os armários e avancei sobre ele esmurrando o seu rosto. Como eu esperava, ele reagiu. Colocou a mão no meu pescoço e me forçou a recuar. -

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora