Capítulo 88

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Atravessamos o pátio correndo, quase certos de que o Sr. Leandro tinha acordado. Por Bruno conhecer o colégio melhor do que eu, pegamos um atalho e alcançamos o prédio pela lateral. As janelas da sala estavam abertas e tivemos que pular uma delas para conseguir voltar à detenção. Rapidamente sentamos em nossas carteiras, cada uma de um lado da sala. A grande questão é que o professor não estava lá.
– Será que ele foi nos procurar? – Indaguei ofegando.
Mal calei a boca e o Sr. Leandro apareceu na porta.
– Onde vocês estavam? – O homem parecia um bicho.
Bruno trocou um olhar comigo e respondeu tranquilamente:
– Como assim?
– Como assim? – Ele se irritou. – Fugir da detenção é uma falta grave, Sr. Bruno Menezes!
– Mas não saímos daqui. – Fingiu-se de inocente.
– Ele tem razão. – O apoiei. – Ficamos sentados aqui o tempo inteiro.
– Acham que sou burro?
– Não acho que o senhor é burro, mas, desculpe dizer, o senhor estava dormido. O sino começou a tocar e você acordou meio atordoado. Talvez tenha feito uma pequena confusão em sua cabeça e achado que a sala estava vazia. – Bruno era muito persuasivo.
– Pense bem, o senhor acabou de voltar do corredor. É o único jeito de chegar aqui, então como podemos ter fugido e aparecido do nada? – Minha expressão era de mais pura seriedade.
O Sr. Leandro olhou para o vazio, com a cabeça cheia de dúvidas e possivelmente questionando sua sanidade.
– Bom... – Pigarreou. – Estão liberados por hoje. – Ficou constrangido.
Bruno e eu pegamos nossas coisas e só quando nos afastamos da sala foi que caímos na gargalhada.
Quando chegamos ao estacionamento, Bruno me encostou contra o Mustang e senti que havia algo o incomodando.
– O que foi? – Coloquei minhas mãos em seu rosto.
– Tem um lance que preciso te contar.
– Estou ouvido. – Fiquei séria.
– Lembra quando consegui a bolsa de estudos para o Orelha e você perguntou “foi difícil?”?
– Sim... Onde quer chegar?
– Na época eu não me importava com nada... – Fez uma pausa que me deixou angustiada. – Meu pai queria que eu voltasse a ser o líder que era antes, então, em uma atitude meio impensada, prometi que voltaria para o time de basquete se ele me ajudasse a resolver a parada do Orelha.
– O quê? – Involuntariamente o afastei.
– É o seguinte... – Passou a mão pelos cabelos. – Depois que Sal foi expulso e eu saí do time, Nélio se mandou e o treinador se demitiu. Tudo isso junto acabou com os Falcons. A diretoria anda meio desesperada, porque com a temporada de campeonatos chegando não tem ninguém dos “tempos de glória” para carregar o time nas costas. Quando você me pediu aquele favor, a direção já tinha me oferecido a posição de capitão, pois achavam que os escândalos logo seriam esquecidos. Inicialmente eu recusei, mas...
– Você? Capitão dos Falcons? – Não consegui disfarçar a minha perturbação, muito menos o desprezo pelo time.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora