Observei as linhas faciais de Bruno, os pequenos detalhes que faziam dele alguém singular. Então reuni tudo que ainda havia de bom no meu coração e permiti que o frio provocado pela tempestade aplacasse o fogo dentro de mim. Não era fácil, mas era necessário congelar o ódio para que, assim, eu pudesse sonhar com um pouco paz.
Mantive-me firme em minha decisão e aos poucos uma sensação diferente foi surgindo. Ela me fez ter a nítida impressão de que a água estava levando embora uma camada grossa de sujeira que se impregnara em mim. Talvez, só talvez, algo semelhante estivesse acontecendo com Bruno, pois ele pronunciara meu nome. Embora não tenha ouvido sua voz, pude ler em seus lábios.
De olhos fechados coloquei minha boca junto à dele e sussurrei:
– Acabou. – Selei o difícil perdão com um beijo.
Sua respiração estava tão fraca que mal pude senti-la em meu rosto, porém seus lábios frios e proibidos me trouxeram um breve conforto.
Assim que afastei a minha boca, os olhos dele se abriram, mas não conseguiu mantê-los abertos por mais de um segundo. Preocupada com seu estado, não perdi mais tempo e liguei para a emergência. Fiquei com Bruno até a ambulância chegar, depois o deixei ir embora tendo plena consciência de que já não podíamos partilhar o mesmo colégio. Nem sequer a mesma cidade.
Ao chegar em casa, fui para o banheiro e, com uma toalha, tirei o que sobrara da maquiagem. Encarei meu rosto limpo por algum tempo, em seguida, fui até o closet e arranquei de lá o velho uniforme do Democracy. Já não tinha motivos para voltar ao colégio, pois a vingança acabara e nada mais me restava. Eu não fazia a menor ideia do que ia fazer com a minha vida. (...)
– Alô? – Sonolenta, atendi o celular vendo que o relógio no criado mudo marcava 06:10h da manhã
– Fatinha, fui pego. – A voz de Orelha despertou-me.
– O quê?
– Os profissionais que a diretoria contratou finalmente rastrearam meu IP. Passei a noite inteira tentando despistá-los, mas não deu. A essa altura eles têm meu endereço, número de seguro social... Tudo!
– Espera! – Não conseguia raciocinar. – O que isso significa? Quando chegar ao colégio vai ser expulso?
– No mínimo. Talvez seja processado.
– Não! Não vá ao Democracy! Me dá um segundo pra pensar! Eu....
– Não adianta Fatinha. Não quero que a diretoria chateie a minha mãe, prefiro ir lá me entregar
– De jeito nenhum! Não se preocupe, eu vou assumir toda a culpa. – Nervosa, me levantei sem saber o que fazer.
– Se fosse possível... – Riu sem humor. –Foi o meu endereço que rastrearam, além disso, qualquer um saca que você não entende quase nada de informática.
– Orelha... – Minha voz vacilou quando fiquei presa ao pensamento de que ele ia perder a bolsa para a faculdade por minha causa. – Não se entregue, por favor.
– Não se preocupe. Eu conhecia os riscos e entrei nessa consciente. Até que estou um pouco conformado... – Suspirou. – Te vejo depois. – Desligou.
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Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)
FanficPaixão e Crueldade {FINALIZADA} Democracy é o colégio mais respeitado da Califórnia e o palco principal de uma história turbulenta regada a paixão, vingança, obsessão, preconceito, revolta, ambição e muito fogo! Maria de Fátima sofreu inúmeros maus...