Capítulo 77

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Nem toda a experiência que eu tinha foi capaz de explicar as sensações turbulentas que vivenciava. Aquilo estava sendo tão novo para mim quanto devia estar sendo para ela, pois eu nunca beijei ninguém como se minha vida fosse se resumir em antes e depois do beijo. Era estranho, errado, assustador, mas, principalmente, extraordinário.
Talvez eu também estivesse obcecado por Fatinha, mas eu não dava à mínima, porque aquele contato estava sendo mais real e significativo do que toda a minha planejada vida. Será que é assim que as pessoas apaixonadas se sentem? Porque parece que enlouqueci e, ao mesmo tempo, parece que alcancei a verdadeira sanidade.
O beijo que começou suave seguiu seu próprio curso, levando-me a explorar a boca de Fatinha e deixando que invadisse a minha com sua doçura e sensualidade nata. Eu não curtia garotas inexperientes com relação a beijo, mas com Fatinha era diferente. Seu despreparo tornava seu beijo delicioso. A forma urgente com que sugava a minha língua e o leve tremor de seu corpo me excitavam e seduziam. Em um ímpeto, a pressionei contra a parede mais próxima e simplesmente me deliciei com sua boca.
Pela primeira vez na vida, estava sentindo tudo aquilo que julguei não existir: o frio no estômago, a adrenalina, o medo, o corpo tenso e a necessidade de pertencer a alguém... De pertencer a ela.

Fatinha PDV

Perdida. Eu estava completa e deliciosamente perdida no beijo de Brunk. Hora era carinhoso, hora intenso... Meu coração era fraco demais para suportar de uma vez só todas as sensações se misturando e, por isso, só por isso tive que agarrar o cabelo da nuca dele e afastá-lo para poder respirar.
Com as testas coladas e de olhos fechados, ofegamos e nada mais. Embora o beijo houvesse acabado, ainda estávamos presos a ele.
– Esse... – Arfei. – Foi o primeiro beijo mais perfeito que já existiu. – Podia até estar enganada, mas para mim era a mais pura verdade.
Abri os olhos e Bruno ainda mantinha os seus fechados.
– Então é assim? – Sussurrou.
– Assim o que?
– Sentir algo... – Abriu seus lindos olhos castanhos claros. – Inominável?
Meu rosto ardeu e meus olhos voltaram a ficar úmidos. Determinada a não ser emotiva demais, não falei nada. Mas meu sorriso abobalhado não só respondeu sua pergunta como lhe provocou uma gostosa risadinha. Bruno roçou seu nariz no meu, então voltou a me beijar.

* SEXTA-FEIRA *

Cheguei ao Democracy e nem sinal de Bruno. Como uma boba, fiquei plantada na entrada do prédio à sua espera até que todos os alunos entrassem. Decepcionada, só conseguia imaginar que se arrependera de tudo que fez e falou no dia anterior. Talvez a “ficha tivesse caído” e se tocara do mal que lhe fiz. Quando passou das 8:40h, lembrei que ainda tinha minha passagem para a Austrália e não vi outra alternativa a não ser usá-la.
Orelha, que já sabia de tudo, me enviou uma mensagem de texto e, quando comecei a responder, ouvi uma buzina. Olhei preguiçosamente para trás e lá estava ele.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora