Capítulo 31

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Por volta das 4:00h da manhã estacionei em frente à casa de Orelha
– Onde você estava? – Indagou confuso
– Por aí... – Sorri. – Hora de trabalhar. –Joguei-lhe a filmadora
– Ah, meu Deus... – Ele já imaginava o que era
– Não faça essa cara. Quero que coloque isso no site do Democracy o quanto antes
– Não! Fatinha, como seu amigo tenho o dever de lhe impedir. -

Fatinha PDV

– Já está feito, Orelha. Não tenho mais nada a perder. – Suspirei
– Tem sim! Se colocar isso no site vai destruir Bruno, mas vai te destruir também. Já pensou nas conseqüências e no...
– Para! – Por pouco não lhe tapei boca. –Passamos quase 6 meses tendo essa mesma conversa. Já falou tudo que tinha pra falar
– Por favor, repense. Não vai ter volta, ficará marcada por isso talvez pra sempre. Todo mundo vai ver o que fez... Todo mundo mesmo! Já imaginou a vergonha?
– Eu... – Minha voz falhou. Baixei a cabeça me acovardando, pois pensar nas conseqüências era a única coisa que me distanciava de meus objetivos. – Preciso seguir em frente. Você prometeu que me ajudaria. Por favor, não me traia
– Como foi que eu me meti nisso? –Passou as mãos pelo rosto, encurralado. –Ok! Façamos as coisas do seu jeito, mas antes me prometa que vai repensar só mais uma vez.
– Tudo bem, mas depois disso não falaremos mais em desistir, combinado?
– Combinado.
Olhei para frente sentido meu estômago embrulhar. Ser tocada por Bruno mexeu muito comigo. Em alguns momentos adorei, em outros odiei, era demais pra minha cabeça. Necessitava colocar minhas intenções em uma balança e descobrir se terminar de afundar minha vida ainda era um preço aceitável para se pagar em troca da derrota de Bruno. (...) A caminho da praia passei em uma farmácia e comprei a tal pílula do dia seguinte. De forma alguma me permitiria engravidar de alguém como o Falcon.
Sentada no capô do Mustang fiquei observando o mar. As cores alaranjadas do céu e as últimas brisas da madrugada não me trouxeram paz. O conflito dentro de mim se dividia entre um passado doloroso e um futuro misterioso. Se eu desistisse da minha “justiça” logo agora que tinha tudo nas mãos, certamente não teria outra oportunidade.
Às vezes me perguntava se não era melhor deixar Bruno em paz e tocar a vida, mas que vida eu teria se não era capaz de esquecer as coisas que me fez? Nenhuma cirurgia ou tratamento me livraria das cicatrizes internas. Então, só me restava esperar que a derrota total de Bruno trouxesse finalmente descanso para minha alma.
Não... E se não tiver fim? E se nunca for o suficiente? Até onde esse ódio vai me levar? Existe alguma coisa capaz superá-lo?

Orelha me mostrou uma questão importante: a vergonha. Como ia lidar com isso? Todos os alunos do Democracy e até mesmo de outros colégios iam me ver transando. Talvez o país inteiro visse. Teria que carregar o apelido de “vadia” por um tempo indeterminado.
Droga! Onde estou com a cabeça? Não posso fazer isso! Não posso! Não consigo! Meu Deus, eu não vou conseguir! -

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora