Capítulo 67

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•Caro, Anthony...
Estou tendo um dia especialmente difícil, mas ficarei bem.
Refleti sobre o que escreveu na última carta. Entendo o seu ponto de vista, porém te digo que já conheci o suficiente do amor e do ódio para lhe garantir que são um caminho sem volta. Uma vez que conhecemos esses sentimentos eles têm que seguir o seu curso... Nascem, crescem e morrem. O tempo de duração de cada uma dessas etapas é que varia. O que estou tentando dizer é que o amor é uma aposta sem garantias. Você só vai saber se ele realmente existe quando se permitir amar alguém sem esperar nada em troca.
Atenciosamente...
Maria•

Reli a carta três vezes. Queria me mostrar indiferente às palavras de Maria, mas elas faziam sentido demais para ignorá-las. Nunca me aproximei de uma garota de modo despretensioso. Tudo girava em torno do homem que eu deveria ser, então não eram escolhidas pelo que me faziam sentir, e sim pelo que podiam me oferecer.
Eu nunca tinha conversado sobre aquele assunto com ninguém; de fato, todas as cartas que troquei com Cassandra foram únicas. Era intrigante como vários assuntos importantes fluíam em nossas conversas, fazendo-me ver que ela era muito mais interessante e sensível do que pretensiosamente imaginei. Ainda assim, por causa de tudo que aprontou comigo, senti a necessidade de analisá-la mais a fundo. Não queria mais me decepcionar.

Fatinha PDV

Quando Bruno terminou de escrever, o professor já havia caído no sono, então ele dobrou a carta em forma de avião e lançou para mim.

•Maria...
Você me surpreende todos os dias. Garanto que poucas pessoas são capazes disso. Você enxerga o amor sob uma ótica interessante, isso faz com que eu me envolva em suas palavras e reflita até sem querer. É por esse motivo e outros que te proponho um passo adiante. Já que faz “anos que não nos vemos”, sugiro um encontro.•
Um encontro?
•Acredito que seja o momento de deixarmos as cartas um pouco de lado e finalmente conversarmos cara a cara. Está disposta a me encontrar no final da sala? Se a resposta for sim, erga a mão direita.
Atenciosamente...
Anthony.•

Engoli em seco, tensa demais para fitar Bruno. Como assim um encontro? O que pretendia?
Quase entrei em pânico sem saber se estava pronta para encará-lo depois das cartas, pois me expus mais do que deveria. Então percebi o quão boba estava sendo. Era exatamente daquilo que eu precisava! Não podia ir embora e deixá-lo com uma imagem distorcida de mim. Queria que Bruno realmente me enxergasse. Bastante decidida, ergui a mão como ele pedira e procurei me acalmar.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora