Capítulo 51

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– O colégio não é meu.

Fixei meus olhos nos de Bruno e murmurei: – Eu faço qualquer coisa... Nunca mais terá que olhar pra mim... Eu imploro. – Por Orelha e pela culpa, me humilhei. – Eu sei que me odeia, mas... – Continuar se tornou um desafio quase insuperável. – Só tente. Bruno, por favor, tente. – Havia uma rendição em minha voz que pareceu confundir Bruno. – Tente... Mais uma vez eu imploro!

Bruno PDV

Ver Cassandra implorar era algo quase surreal. Nada tinha me preparado para aquele tipo de situação. Não sabia se diante de mim estava uma completa maluca ou se ela era apenas alguém desesperada. Vi ali a chance de me vingar por todos os males que me causara, mas não consegui reagir, pois aquela garota nada lembrava a Cassandra que me assediava. Na verdade, sua voz, suas expressões e até a forma com se movia eram completamente diferentes. – Quem é você? – Indaguei confuso. – Ninguém. – A pergunta pareceu lhe ferir. – Se seu pai conseguiu nos livrar da expulsão, talvez consiga fazer algo por Orelha. Prometo que confessarei a todos que armei pra você, depois disso, com um pouco de sorte, terá sua vida “perfeita” de volta. – Deu um meio sorriso forçado e foi embora.
Era tolice me importar com o destino do Filho da Democracia, mas as palavras de Cassandra possuíam um peso de verdade que nem o nosso passado era capaz de contestar.

Fatinha PDV

40 minutos atrasada, larguei o Mustang no meio do estacionamento do Democracy e corri para entrada do prédio. Focada em me entregar junto com Orelha demorei a perceber que não era a única correndo. Bruno e eu quase nos chocamos ao alcançarmos as portas ao mesmo tempo, nenhum de nós parou e seguimos para a sala do diretor. Quando chegamos ao corredor principal, havia uma multidão apinhada no local.
Desolada, percebi que era tarde demais, pois todos já estavam falando de Álvaro  Gabriel. Os professores insistiam para que os alunos voltassem para as salas, mas até eles estavam curiosos. Aturdida, ouvi suposições sobre o que aconteceria com meu amigo e isso me atingiu de tal forma que saí empurrando as pessoas que estavam na minha frente. Infelizmente, nem com todo o esforço consegui me aproximar o suficiente. De repente, a porta da diretoria se abriu e de lá saíram o Sr. Matias e dois funcionários escoltando Orelha.

O diretor fez com que a multidão abrisse caminho e Orelha foi conduzido como se fosse um delinqüente perigoso. Enojada, percebi que a diretoria estava usando ele como exemplo a fim de reprimir qualquer tipo de manifestação contra a instituição.
Os alunos observavam em silêncio, provavelmente chocados com o fato de que a pessoa que admiravam era justamente alguém a quem ninguém nunca deu importância. Continuei tentando me aproximar de Orelha, mas a multidão se tornou uma barreira impenetrável. Aflita por não alcançá-lo, me preparei para gritar e assumir minhas culpas, só que antes que as palavras chegassem à minha boca um aplauso solitário foi ouvido. O ato incomum chamou a atenção de todos e precisei ficar na ponta dos pés para notar que vinha de Bruno.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora