Quando eu tinha 15 anos, Bruno voltou a me procurar, só que as lembranças dessa noite eram tão intensamente dolorosas que minha mente automaticamente as bloqueava.
Após tantos anos de abusos, e negligências por parte dos professores, me senti sendo dividida ao meio. Meu superego diminuía, enquanto uma parte de mim, egoísta e sem princípios, que se auto-intitulava Cassandra começava a se sobressair. Era essa mesma parte que me mantinha viva, pois quando ela assumia o controle eu virava uma mera expectadora e não tinha que lidar com a realidade.
Por sorte, quando eu estava prestes a completar 18 anos, meus pais me levaram para a Rússia onde fiquei meses em um clínica sendo voluntária em um tratamento revolucionário com células-tronco, injeções de silicone e exposições a raios laser. O tratamento era polêmico, não aceito na comunidade médica e nem sempre tinha os resultados desejados. A princípio, achei que não daria certo, pois era muito doloroso, só que aos poucos os resultados de anos de pesquisas surgiram em minha pele. Contrariando as expectativas dos médicos, minhas cicatrizes sumiram completamente e fiquei simplesmente perfeita.Agora que eu não era mais um monstro, almejava ter tudo aquilo de que um dia fui privada. Não queria mais ser a “Fatinha duas caras”, estava determinada a ser a mulher linda, ousada e divertida que sempre fui por dentro, mas o mundo nunca viu.
O dia estava amanhecendo e meu retorno ao Democracy seria em grande estilo. O meu único motivo para voltar àquele lugar que me causou tanto sofrimento era Bruno, pois minha personalidade Cassandra estava pronta para fazê-lo pagar por todos os seus crimes. -Bruno PDV
Dentro da sala do grêmio, explicava para o pessoal como resolveríamos os problemas de orçamento da festa do centenário do colégio. Aquela festa era de extrema importância para mim, pois entraria para a história do Democracy. Há semanas planejava e supervisionava todos os detalhes, abdicando do meu tempo livre e voltando toda a minha concentração para o projeto. – Gente, é o último ano da maioria de nós aqui. Sei que os estou pressionando mais do que de costume, mas lembrem-se de que valerá a pena. – Suspirei jogando a prancheta em cima da mesa. – É a nossa chance de lapidarmos de uma vez por todas nossos nomes na história do Democracy. – Fui firme em minha declaração. – Ele tem toda razão. – Victor, o vice-presidente, se colocou de pé.
Sua manifestação incitou os demais, que começaram a enxergar o futuro da mesma forma que eu. A festa que organizávamos seria tão bem sucedida que pelo menos nos próximos 20 anos se lembrariam de nós, e da forma quase perfeita com que geríamos as coisas em nosso colégio.
No final da reunião, Nélio, o capitão do time de basquete, adentrou a sala. – Por que toda essa agitação? –Indaguei arrumando minhas coisas. – Estou apaixonado. – Colocou a mão no peito. – Sei... – Vesti meu blazer. –Não falou o mesmo semana passada? Você sabe, antes de transar com a Joana. – Dessa vez é diferente. – Riu. –Chegou uma novata no colégio que já mexeu com a minha cabeça. – Novata? – Estranhei. – Não estou sabendo disso. – Normalmente me avisavam com antecedência e eu designava alguém para recepcionar os calouros. – Ela está no refeitório. – Sorriu animado.
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Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)
FanficPaixão e Crueldade {FINALIZADA} Democracy é o colégio mais respeitado da Califórnia e o palco principal de uma história turbulenta regada a paixão, vingança, obsessão, preconceito, revolta, ambição e muito fogo! Maria de Fátima sofreu inúmeros maus...