Capítulo 13

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Guiado por uma motivação que eu desconhecia, Bruno subiu a minha saia. E sem nem olhar para mim, arrancou a minha calcinha. Ao se colocar entre minhas pernas, pousou seu rosto no vão entre meu pescoço e ombro, obviamente no lado que não era deformado.
Ele tocou-me intimamente, talvez querendo descobrir se eu era “estranha” ali também. Mesmo sendo doloroso passar por aquilo, senti prazer com seus dedos. Eu não podia me dar ao luxo de repudiá-lo, pois quem mais teria coragem de fazer todas aquelas coisas?
Bruno continuou com a carícia até que seu corpo cedesse ao que sua mente parecia estar decida a fazer. Quando finalmente abriu a calça, colocou um preservativo e penetrou-me com um único e forte movimento. A dor intensa me fez trincar os dentes e gemer. Foi uma sensação que eu realmente não estava preparada para sentir.
Bruno estava se esforçando para continuar, mas não deixei que o sentimento de humilhação me tomasse naquele momento. Eu queria aproveitar cada segundo, pois era possível que aquilo nunca mais se repetisse. Desejava extrair daquela experiência tudo que pudesse e, mais tarde, me arrependeria e choraria. – Você está bem? – Sussurrou ameaçando parar.
– Estou. – Minha voz saiu embargada.
Ele passou a aumentar o ritmo de suas investidas, ficando mais compenetrado no prazer mórbido que ambos passamos a sentir. Tudo nele mexia com meus sentidos. Seu cheiro, voz, calor... Mesmo sendo a coisa mais estúpida que já fiz até aquele momento, me vi querendo ficar presa a ele. Era como trocar o sofrimento constante que era minha vida por um sofrimento onde eu era uma vítima voluntária, ligada carnalmente à pessoa que tornou minha existência ainda mais cruel. Atada a esse pensamento, abracei Bruno, algo que nunca imaginei que faria. Até ele se surpreendeu, mas nada falou.
O insulto sexual logo chegou ao seu ápice e fechei meus olhos, deixando que Bruno levasse o resto de mim que sua alma impiedosa ainda não havia roubado. Então, tarde e cedo demais, ele se foi sem dizer uma só palavra. Com a alma ardendo, me recompus e juntei minhas coisas.
Ao pegar o celular, vi que tinham 9 chamadas não atendidas de Orelha. Imediatamente retornei a ligação e ele atendeu, aflito.
– Fatinha? Você está bem? Onde está?
– Estou bem, Orelha. –Respondi como se tivesse acabado de acordar. – Afaste-se de Bruno! Afaste-se! – Gritou preocupado e estranhei.
– Por quê? O que aconteceu?
– Quando Sal veio aqui em casa buscar o trabalho de história que fiz pra ele, o ouvi falando com alguém no celular. O Bruno apostou com o pessoal do time que ia vencer as eleições, mas como perdeu... – Fez uma pequena pausa com medo de continuar. – Bem, ele foi te encontrar disposto a cumprir a parte dele do acordo. – Suspirou. – Vocês... transaram? – Meu silêncio tirou suas dúvidas. – O mais repugnante é que ele tinha que levar o preservativo e uma peça íntima sua para provar que consumou o ato. Fatinha, precisa contar para os seus pais. Alguém tem que tomar uma providência porque...
Desliguei o telefone.
Eu sabia que havia um motivo para Bruno ter me procurado, mas não imaginei que fosse algo tão...Não era uma brincadeira onde o cara popular ficava com a mais feinha do colégio. Eles queriam que Bruno sofresse e se envergonhasse. O time o estava punindo por sua presunção, ou seja, eu não era uma aposta... EU ERA O CASTIGO.
Parada no meio da biblioteca, desejei muito chorar e me descabelar. Tinha que colocar toda a dor pra fora, só que não consegui. Ficou tudo preso dentro de mim. Por fora, não esbocei nenhuma emoção, mas por dentro havia tremores e gritos, soluços e pranto. Meu espírito sofria uma agonia semelhante à de um parto. E, ali mesmo, ainda com sangue entre as pernas, Cassandra nasceu.

Cassandra PDV

Acendi um cigarro e saí do banheiro quase atropelando Ana que esperava na fila. Com fome e sede de Bruno, segui para a sala.
O canalha escondeu de todos o crime que cometeu na biblioteca e até o time o ajudou nisso. É claro que o filhinho do governador não podia sujar sua imagem de bom moço. De longe, o avistei sozinho mexendo no celular. Orelha tinha mesmo conseguido separá-lo de sua vadia assim como pedi. Era hora de atacar!

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora