Capítulo 9

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Depois de um tempinho, retornei para a sala em busca de Orelha. E foi aí que um babaca entrou no lugar com uma mangueira ligada espirrando água em todo mundo. Muitos ficaram molhados, inclusive eu.

Chateada, olhei pro meu vestido e notei que ele ficou um pouco transparente em algumas partes. Óbvio que não ia choramingar por aquilo como algumas garotas estavam fazendo. Ao invés disso, resolvi usar o contratempo a meu favor. Empurrei quem estava na minha frente e me enfiei no meio da sala, dançando loucamente ao som da batida deliciosa.

A música parecia estar entrando através dos meus poros, me proporcionando uma sensação incrível de prazer e liberdade. Era a primeira vez que eu dançava em público, por isso não existia ser humano vivo que fosse capaz de me deter. Por muito tempo fui reprimida, apenas um ser anônimo escondido nas sombras do medo e preconceito.

Rebolando como nunca fiz antes, me despi de toda timidez de uma vez por todas. Eu queria me expor e liberar toda a sensualidade através da linguagem corporal. Meu coração acompanhou o devaneio da minha mente, mergulhando também na sensação extasiante que era ver a maior parte dos homens presentes me desejando. Era como se eu tivesse acabado de chegar ao mundo. Tudo era tão novo, tão empolgante que eu tinha vontade de gritar.

Certamente estava parecendo uma pirada jogando o cabelo de um lado para o outro, mas eu não dava a mínima. No passado, a vida me roubou a alegria de viver e, agora, quem podia me julgar por tomá-la de volta com a voracidade de uma leoa? 

Bruno PDV

Agora era oficial. A novata não tinha um pingo de juízo. Ela dançava descontrolada, chamando toda a atenção para si. Será que estava drogada? Nunca vi uma garota com tanta energia, era como se estivesse explodindo de felicidade por dentro.
Será que tinha percebido que dava para ver sua lingerie através do vestido molhado? Que tipo de maluca se presta a isso? O que ganha virando objeto de desejo dos marmanjos? Tudo bem que não sou santo e estou olhando como todos os outros, mas a sujeitinha era tão chave de cadeia que eu até conseguia pressentir que aconteceria uma grande merda no Democracy. Não ficaria surpreso se Cassandra fosse flagrada transando com algum professor. Involuntariamente ri, constatando que o cara tinha que ser muito burro para cair nas garras daquela “matadora”. Ela continuou mexendo o quadril enquanto passava as mãos pelas coxas. Chegava a ser ridícula a forma como eu a criticava e mesmo assim ainda ficava excitado. Pudera... Ela era linda. Tinha uma beleza rebelde e perigosa. – Quer dançar, amor? – Ana perguntou depois de dispensar suas amigas. – Não. – Dei-lhe um beijo. Era melhor eu me ocupar com minha namorada antes que ela percebesse que eu estava olhando demais para a novata.

Cassandra PDV

O que não me faltou foi parceiro pra dançar. Dancei com todos que pude, me enturmando facilmente com a malandragem. Então, avistei Orelha sentado num sofá no cantinho da sala. Ao seu lado tinha um casal quase se devorando, fazendo com que a festa fosse ainda mais terrível para ele. Não perdi mais tempo e me aproximei do cara.
– Viu só? Ainda está vivo. –Sentei em seu colo.
– É, parece que os retardados do time estão distraídos demais com você para me perceber aqui. – Riu. –Está bêbada? Nunca imaginei que aguentaria tantas cervejas. – Não se preocupe. Nunca estive tão sóbria. – Quando vamos embora? –Estava meio entediado. – Em breve, mas antes vamos nos divertir mais um pouco às custas dessa escoria. – Como assim?
– Finja que estou te dizendo algo bem sacana. – Sussurrei em seu ouvido.
– Já saquei.
Rimos juntos.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora