Capítulo 76

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Fatinha PDV

Involuntariamente olhei para trás e, quando voltei meu olhar para frente, já estava quase no fim da calçada. Tudo aconteceu muito rápido. Parei abruptamente no meio fio, mas, sem equilíbrio, meu corpo começou a projetar-se para frente. Ouvi o som alto de uma buzina, ofeguei, e tudo que senti depois foi Bruno puxando-me pela blusa e isso me fez pender para trás. No segundo seguinte, o caminhão passou bem à minha frente e a rajada de vento provocada pela velocidade do veículo fez minhas pernas vacilarem.
Bruno me manteve junto ao seu peito e, com os braços bem firmes em volta da minha barriga, afastou-se do meio fio levando-me junto. Por alguns segundos nada falamos, apenas recuperamos o fôlego. Sentia muito bem a respiração dele no meu pescoço e todo meu corpo reagiu, arrepiando-se.
– Me perdoa? – Sussurrou em meu ouvido.
Fechei os olhos e senti toda a magnitude daquelas palavras. A pergunta que nunca imaginei ouvir alcançou a parte mais íntima do meu ser. Algo entre a alma e o espírito. Aquela simples frase teve mais poder curativo sobre mim do que toda a vingança que executei.
Baixei a cabeça e o obriguei a me soltar. Relutante, Bruno me largou. Girei vagarosamente o corpo e o encarei com toda a intensidade.
– Bruno... – Minhas pernas e voz se tornaram sólidas e confiáveis. – Eu já perdoei antes mesmo de você pedir.
Em sua expressão não havia só alívio e gratidão, existia algo além da minha compreensão. Tive um vislumbre disso quando, com confiança e vontade, segurou o meu rosto com as duas mãos e beijou-me.
Imediatamente meus pensamentos foram ofuscados pela sensação incrível de sua boca na minha. Foi um beijo singelo e calmo. Nossos lábios permaneceram unidos e imóveis, até que ele colocou uma mão em minhas costas, pressionando-me gentilmente contra si. O calor de seu corpo me envolveu e me senti segura. Assim que Bruno percebeu isso, deslizou as mãos até meus braços e os colocou em volta de seu pescoço. Não houve hesitação da minha parte, eu já estava totalmente rendida.
Bruno segurou firmemente a minha cintura e roçou seus lábios nos meus. Involuntariamente, arfei abrindo a boca, o que deu a ele a oportunidade e o consentimento para sugar meu lábio inferior suavemente. A sensação foi tão complexa que meu estômago se contraiu em um nervosismo gostoso. Mal percebi quando fiquei na ponta dos pés, ansiando por mais e mais de seu sabor. Bruno não me decepcionou e finalmente colocou sua língua dentro da minha boca. Foi delicioso senti-la contra a minha, massageando-a conforme seus lábios umedeciam os meus.
Nada do que eu já havia sentido na vida se comparava àquilo. Não era um simples primeiro beijo, era o beijo de alguém que eu amava profundamente.
Era redenção e realização.

Bruno PDV

Meus pensamentos correram soltos enquanto o beijo perdurava em um tempo feito só para ele... A Cassandra narcisista que conheci antes se apagou quando descobri que a Maria que me cativou era, simplesmente, a Fatinha. Todos esses nomes eram peças do mesmo quebra-cabeça e, agora que ele estava montado, eu só me importava com a Fatinha do “agora”. Já não queria viver no passado, por isso meus braços a envolviam como se nunca mais fosse largá-la.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora