Capítulo 36

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Com a perplexidade pairando sobre nossas cabeças, tiramos os óculos escuros, nos encaramos por três segundos, então explodimos em uma gargalhada. Queríamos sair gritando, mas tivemos que nos conter para não virarmos suspeitos.
O refrão de Youth Gone Wild soava em coro de uma forma tão potente que era impossível ficar indiferente. Dava vontade sair pulando e se entregar àquela energia que emanava de todos os lados.
– Olha aquilo! Olha aquilo! – Orelha me cutucou indicando o cara que carregava uma faixa vermelha com o nome “Força aos Filhos da Democracia”.
– Meu Deus... – Murmurei embasbacada.
Não fazia a menor idéia de como a diretoria estava lidando com aquilo. Pareceu que tentava ignorar o tumulto permitindo a entrada só de quem estava uniformizado, mas em breve eles teriam que tomar uma atitude, pois o número de pessoas no protesto aumentava cada vez mais.
Nervosa, subi em cima do capô do meu carro e procurei por aquele que deveria estar sendo julgado pelos alunos.
– Ele não está aqui. – Disse Orelha. – A essa altura Bruno já fugiu da cidade com o rabinho entre as pernas.
– Não pode ser... Não é justo! -

Bruno PDV

Entrei no banheiro masculino com o cabelo e o uniforme sujos de ovo. Tentei tirar o excesso de sujeira com papel, mas não adiantou nem um pouco. Lavei bem o rosto e depois encarei meu reflexo. Não pisquei os olhos na esperança de acordar daquele pesadelo.
Só soube o que Cassandra fez depois que cheguei ao Democracy. Foi um imenso choque encontrar uma multidão protestando no estacionamento. Quando colocaram os olhos em mim canalizaram toda a revolta em forma de vaias e xingamentos. Foi perturbador ter centenas de pessoas me ameaçando, me senti totalmente acuado.
Encostei a testa no mármore da pia com vontade de vomitar. Meu corpo estava reagindo à vergonha... E eram muitas vergonhas. Todos assistiram ao vídeo onde eu desrespeitava os alunos e depois transava com Cassandra na sala do diretor. Não sabia o que fazer, não entendia por que aquilo estava acontecendo comigo. Era como se tivessem me jogado no centro de um tornado e eu girasse rápido demais... A analogia juntamente com o mau cheiro finalmente me fez vomitar. Joguei mais um pouco de água no rosto e ouvi um gemido abafado. Estava ficando louco ou conhecia aquele gemido? Era inconfundível!
Corri para o último cubículo, pois era ali que os Falcons transavam com as garotas fáceis. Ao ver que estava fechado me curvei e avistei os pés do casal. Coloquei as mãos na porta e minha respiração falhou.
– Ana? – Indaguei sem vontade.
Depois que fui enganado por Cassandra, finalmente tomei consciência de que ela era capaz de tudo, então, para não correr o risco de Ana saber sobre meu deslize pela boca da maldita, eu mesmo contei. Ficamos a madrugada trancados no carro brigando, na verdade Ana brigou e eu fiquei apenas escutando, pois não havia argumentos a meu favor.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora