Assistimos ao por do Sol em silêncio e foi uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida. Tínhamos a nítida impressão de que o Sol mergulhava lentamente no oceano, cedendo seu lugar à Lua para que ela reinasse absoluta na noite.
Assim que ficou escuro, tomei uma chuveirada no pequeno banheiro e vesti uma blusa de mangas compridas de Bruno. Mesmo não estando com nada por baixo, me sentia muitíssimo vestida, pois a blusa em mim ficou parecendo um camisolão.
Logo que desocupei o banheiro, foi a vez de Bruno tomar um banho. Ele deixou algo no forno que cheirava muito bem. Encolhida no sofá, me questionei como ele podia ser tão prendado, então usei a lógica. Se ele costumava velejar com o tio, tinha que saber “se virar”, certo? Ri baixinho chegando à conclusão de que, de um jeito torto, ele era o genro que minha mãe pediu a Deus. Para não ficar sem fazer nada, dei uma revirada na geladeira e resolvi preparar uma salada. Lavei bem os vegetais e o resto foi fácil.
Durante o jantar, voltamos a conversar saboreando um aprazível peixe. O vinho branco o deixou ainda mais delicioso.
– Posso perguntar uma coisa? – Sorri timidamente
– Claro.
– Como ficou tão maduro? Quero dizer, a maioria dos caras da nossa idade só pensam e falam idiotices.
– Acho que foi a minha criação. – Bebeu um pouco de vinho. – Antes mesmo de eu nascer, meus pais já tinham planejado cada passo que eu daria na vida.
– E como eles estão reagindo aos “passos” que não estavam nos planos?
– Bem mal. – Baixou a cabeça e soltou o garfo perto do prato. – O pior é o meu pai... – Suspirou, em seguida imitou o tom que o governador usava com ele. – Não vou tolerar nenhum perdedor nessa família! Você tem que ser um líder, Bruno! Faça acontecer!
Engoli em seco, partilhando com ele o peso daquelas palavras.
– Talvez seu pai ainda não tenha entendido que você não é uma extensão dele. – Murmurei, mas logo me retratei. –Desculpa... Eu não devia ter falado isso.
– Tudo bem. – Fez uma longa pausa e sua expressão mudou. – Sabe, só depois que você voltou ao Democracy foi que comecei a agir de forma impulsiva. Decepcionar meus pais acabou me libertando um pouco e me fez enxergar a vida medíocre que eu levava. Sendo assim, de um jeito estranho, você me ajudou muito. – Que nada! – Me recusei a ver a minha vingança como algo bom.
Bruno ficou me olhando por tempo, então soltou uma risadinha intrigante.
– O quê? – Coloquei a mão na boca achando que estava suja
– Está linda.
– Você tomou muito Sol na cabeça. – Era brincadeira? Porque eu nunca estive tão desarrumada na frente dele.
Bruno sorriu e voltou a comer com mais vontade.
(...)
O veleiro ficou parado em alto-mar e não existia nada no horizonte. As águas prateadas por causa do reflexo da Lua ondulavam suavemente e no céu havia milhares de pontos luminosos que me impressionavam. Não se podiam ver tantas estrelas assim na cidade.
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Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)
Fiksi PenggemarPaixão e Crueldade {FINALIZADA} Democracy é o colégio mais respeitado da Califórnia e o palco principal de uma história turbulenta regada a paixão, vingança, obsessão, preconceito, revolta, ambição e muito fogo! Maria de Fátima sofreu inúmeros maus...