Capítulo 95

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– Preciso de um segundo.
Refleti por um tempo. Embora aquela enxurrada de informações pudesse assustar e confundir qualquer um, eu consegui assimilar mais rápido do que imaginava.
Sempre senti que havia algo de diferente na garota. Alguns momentos ela era manipuladora e venenosa, em outros era compreensiva e meiga. Não era uma simples mudança de humor, todo o seu corpo reagia às oscilações de personalidade. Analisado bem tudo que vivi, até podia saber com quem estive em cada momento.
– É Cassandra quem sempre está fumando, certo? – Perguntei.
– Exato.
– Fatinha é meio tímida e engraçada.
– A conheço há muitos anos e posso te garantir que está certo. – Sorriu.
– As duas se vingaram de mim?
– Acho que sim, elas tinham a mesma mágoa e o mesmo propósito. Só que tudo mudou quando Fatinha conseguiu te perdoar, você sabe, no dia em que te socorreu na rua. Ela aceitou que o que sentia por você era maior do que o ódio. Foi esse mesmo sentimento que pareceu fortalecê-la o suficiente para lidar com as emoções. Pelo que a própria me contou, Cassandra ficou meio perdida dentro dela sem encontrar uma quantidade de ira e medo suficientes que lhe trouxessem à tona.
– Por que você e Cassandra ficam falando como se Fatinha tivesse morrido? – Aquilo me deixava aflito.
– Eu não tenho certeza. Depois da sacanagem que os Falcons fizeram, fiquei com Cassandra quase o tempo todo... –Balançou a cabeça, lamentando. – Não há nela sequer vestígios de Fatinha. Temo que a outra personalidade tenha assumido de vez o controle, como se a volta de Cassandra tivesse... Sei lá, consumido Fatinha. A maluca está fazendo coisas que de forma alguma Fatinha permitiria. Coisas que eu garanto que não vai querer nem saber.
– Não sei o que fazer. – Passei a mão pelos cabelos, desejando estar em um mero pesadelo.
– E eu ainda não contei a pior parte.
– Que parte? – Franzi o cenho.
– Amanhã o Democracy completa 100 anos e Cassandra quer vingança. Não me contou o que fará, mas ela está fora de controle.
(...)

Cassandra PDV

Empurrei com o pé a porta de um dos cubículos do banheiro feminino da boate Blue Skies. A mulherada ali mal percebeu quando entrei no cubículo carregando Ana, a qual estava totalmente inconsciente.
Quando Ana saiu do Democracy, eu a segui por todos os lugares, shopping, sua casa e finalmente a boate, onde se encontrou com um dos Falcons. A imbecil em momento algum percebeu que eu estava em seu encalço, claro que estar metida em blusão com capuz me ajudou muito. Esperei com paciência a melhor oportunidade, então, quando seu acompanhante se afastou para comprar bebidas e Ana ficou dançando sozinha na pista, me aproximei. Tomei proveito da batida eletrônica, da confusão de luzes piscando e lhe segurei por trás, cobrindo seu nariz e boca com um lenço encharcado de clorofórmio.
Ninguém na boate estranhou quando coloquei o braço dela em volta dos meus ombros e a carreguei para o banheiro. Um cara até me ajudou, pois parecia que eu estava apenas sendo solidária com uma amiga que bebeu demais.

Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)Onde histórias criam vida. Descubra agora