Capítulo 3

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(Cristal)

Só fico meio distraída na minha aula de linguagem enquanto penso na noite passada, naquele moreno alto, marrento e com ar de perigoso.

Deus.... Sei que mal o conheci, e que provavelmente ele me quer morta, mas aquele homem parece tão difícil de lidar, além de ser atraente e gostoso.

É errado querer vê-lo mais vezes, até com uma certa frequência? Com toda certeza minha mãe acharia que sim, todos achariam, ele é um ceifeiro e eu apenas uma princesa chata que deveria estar morta.

Eu me pergunto o que teria acontecido comigo se eu tivesse realmente morrido, quero dizer, sei que estaria enterrada, mas o que aconteceria com a minha alma? Vou perguntar a Raven na próxima vez que eu ver ele, pois ainda tenho muitas dúvidas a ser tiradas.

Escuto um estrondo alto que me faz sair dos meus pensamentos, minha professora está me olhando de forma severa, normalmente ela não olha para mim enquanto explica, achei que ela nem ia reparar na minha falta de atenção.

(Professora Ana) —Cristal, você é sempre muito distraída, mas essa semana saiu dos limites! Sei que por ser princesa não espera nada da vida, mas sua mãe coloca muitas espectativas em você, não deveria decepcionar ela— só reviro os olhos e respiro fundo enquanto escuto o discurso pronto para me fazer sentir não por não cumprir as expectativas que a rainha coloca em mim.

No passado, quando eu era criança me sentia realmente muito mal com isso, além de extremamente pressionada e ansiosa.

Eu me perguntava se tinha algum defeito por não gostar de nada que uma princesa deveria gostar, nunca levei jeito para tocar violino, piano ou arpa, mas ainda assim aprendi na força do ódio, pois queria impressionar minha mãe, mas depois disso apenas colocou mais outras aulas "necessárias"

Não levo jeito com dança, mas tive que aprender a pelo menos não errar muito os passos e não pisar no pé do parceiro.

Eu sempre tive mais vocação para luta, pois tenho muitos poderes interessantes que ganhei por causa do cristal da minha mãe.

—olha Ana, seu trabalho e me ensinar e não ficar me dando bronca, tenho mãe para isso, se eu não estou aprendendo você que é uma professora ruim— falo com um pouco de deboche o que faz ela me olhar com ódio, mas logo se vira e volta a escrever no quadro negro.

Consigo ouvir ela murmurando algo com minha audição aguçada "não sou paga aturar isso"
(...)

Só me sento na cadeira na mesa de jantar enquanto espero minha mãe chegar, vejo Naomi e Maori passarem pelo corredor e não êxito em chama-las.

Desde que eu me lembre elas trabalham para minha mãe, são como se fossem amigas dela, confidentes ou algo do tipo, além de serem como tias para mim, pois sempre estiveram lá quando eu precisava ser cuidada ou pedia algum concelho.

Vejo as duas gêmeas voltarem e olharem para mim, elas se sentar nas cadeiras enquanto as outras empregadas servem a comida na mesa, tudo tem que estar perfeito para quando minha mãe chegar.

Naomi —por que nos chamou, precisa de ajuda com algo?— pergunta com um tom calmo e compreensivo enquanto sua irmã gêmea mais nova está mandando nos empregados.

—a professora Ana falou algo para minha mãe?— se ela tiver falado tenho que me preparar para me sentir culpada e mal.

Naomi —não, mas se demitiu, acho que ela não aguenta mais olhar para você, está muito respondona e afrontosa— e isso seria algo ruim.

Maoria —igualzinha a ele— diz com um sorriso bobo nos lábios, parece estar pensando em alguém, quem seria esse ele?

Vejo Naomi olhar sua irmã de forma discreta o que fez a mesma apenas voltar ao trabalho em mandar nos serviçais.

—tenho que me preparar para algum sermão da minha mãe?— vejo que ela apenas nega com a cabeça.

Naomi —não, ela está ocupada cuidando da economia do reino e preparando um baile para sua festa de 18 anos, vai convidar nobres e  vai dar a você um presente muitíssimo especial— se for uma forma para escapar desse lugar seria ótimo, pois mesmo que o reino da minha mãe seja enorme e tenha alguns continentes, ainda está trancado por uma barreira, sinto como se fosse uma enorme prisão.

—eu não quero festa, não estou nesse clima— falo e as duas se olham.

Maori —você não está em clima de festa? Sabemos muito bem que se pudesse pulava a janela todo dia para ir em uma— quando ela diz isso eu apenas arrega-lo os olhos, pois pensei que ninguém soubesse.

Naomi —o que minha irmã está tentando dizer, é que você é uma pessoa muito social e que gosta um pouco de beber...

Maori —muito, pouco seria elogio— diz enquanto posiciona as cadeiras.

Apenas respiro fundo, pois sei que Maori costumo ser sincera demais.

Naomi —resumindo, na festa vai ter tudo que gosta, pessoas novas e interessantes, bebidas e sua família— apenas respiro fundo, pois com minha família está dizendo minha mãe, com bebida se resume a vinho e champanhe e pessoas interessantes, nobres chatos, mimados que desejam lucrar com um possível casamento.

—nossa, eu não pudia amar mais bailes— digo de forma irônica.

Maori —pense pelo lado positivo, talvez encontre alguém interessante fora da festa, tipo um guarda gostoso com músculos grandes, tanquinho definido e peitoral brilhante, com cabelos grandes e olhos profundos— apenas abro um sorriso, eu adoro ela, é como se fosse uma tia meio louquinha, mas eu duvido muito que isso vá acontecer

Naomi —se a Eliza ouvir esses exemplos que está dando para ela.....— apenas fico olhando a mesa por um tempo, pois parece que não tenho vontade própria, tudo envolve minha mãe.

Escuto passos leves, vejo "a rainha" se sentar na sua cadeira de ouro branco, ela abre um sorriso quando olha para mim, mas eu apenas me levanto e saio, pois perdi  completamente a vontade de comer.

Eliza —Cris, espera!— escuto a voz da minha mãe, mas apenas volto para o meu quarto.

Entre Mundos (Deuses Elementais)Onde histórias criam vida. Descubra agora