Capítulo 69

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Cristal

O salão está extremamente cheio, só consigo ver demônios a primeira vista e isso é um pouco assustador.

Continuo meu caminho pelo salão até chegar a Belial que está sentado em uma mesa bebendo whisky com gelo, ele parece nem me notar até eu dar uma passo a mais para frente o fazendo olhar para mim.

-Feliz aniversário Belial- digo forçando um sorriso enquanto coço o braço.

Belial -obrigado, você está bem? Parece ansiosa- estou sim, muito ansiosa pela volta da minha mãe.

-minha mãe me abandonou para conversar com a Scarlett, ela sabe que tenho medo de demônios- vejo que ele morde o lábio para não rir.

Belial -quando você olha sua mãe vê o quê? Pois ela é uma demonia nascida no inferno, tem até mesmo chifres como os meus- quando ele fala dos chifres volto a reparar nos dele que são como os de carneiro só que pretos.

-é diferente, ela é minha mãe, não um ser maligno, canibal que come almas- digo e ele levanta a sobrancelha.

Belial -você sabe que nem todos fazem isso né?- sei disso, mas não deixa de ser a maioria.

-só acho que demônios devem provar sua confiança, qualquer pessoa na verdade, mas mais demônios- será que estou ofendendo ele?

Belial -quer se sentar e beber um pouco para ver se consegue se acalmar? Pois você está ficando pálida - só respiro fundo, pois deve ser o nervosismo.

-se está oferecendo- digo pegando um copo em uma das bandejas que os garçom estão servindo, bebo e sinto um grande gosto de limão e álcool -o que é isso?

Belial -nunca tomou caipirinha antes?- eu não sei nem o que é isso.

-não existe essa bebida nos bares do purgatório- ela até que é boa para dizer a verdade.

Belial -já parabenizou o Henri imagino- diz e logo depois bebê um gole de whisky.

-sim, ele parecia meio distraído e não queria conversar muito, meio que me expulsou indiretamente me mandando falar contigo- digo e ele olha para o copo por um tempo.

Belial -deve estar esperando alguém, por isso não para de olhar a janela- será que é algum amigo ou namorada.

-ele namora?- pergunto, mas ele só abre um sorriso debochado ao ouvir o que disse.

Belial -eu duvido que um dia alguma mulher vai querer ele- que babaca, como pode falar isso do irmão, acho o Henri um amor de pessoa.

-tenho certeza que ele vai casar primeiro que você- digo, mas ele só dá um sorriso de canto.

Belial -com certeza, pois eu nunca me casaria, isso enfraquece, é mais provável que a gente acabe se matando antes mesmo- ele fala isso com tanta naturalidade.

-me desculpe pela pergunta, mas você já pensou na possibilidade de não matar ele?- pergunto tomando mais um gole de drink com gosto de limão.

Belial -é mais fácil falar, não sei como de explicar isso, mas é como se algo me levasse a querer mata-lo, tudo nele me irrita, suas ações, sua voz, seus amigos, parece que minha vida seria melhor se ele tivesse morto- não consigo controlar o fato de ficar quase boquiaberta com sua frase.

-então é isso? Você já aceitou o fato de talvez matar a pessoa que sempre esteve ao seu lado desde bebê?

Belial -se pensasse como nos pensamos, não seria tão horrível assim- eu realmente não consigo entender.

-talvez para demônios isso seja normal, mas não para mim- digo e ele apenas abre um sorriso enquanto mexe o copo fazendo o gelo girar.

Belial -sabe o sentimento de estar pretendo a respiração de baixo d'água, de ficar sufocado?- só faço um sim com a cabeça -é isso que sinto desde que me conheço.

-vamos mudar de assunto?- pergunto e ele apenas fica em silêncio em concordância.

Belial -claro princesinha, como vai sua vida, já arrumou um noivo ou algo desse tipo? Meu pai estava querendo arrumar um para você antes que terminasse como minhas irmãs- ele está querendo se referir a minha mãe e a tia Scarlett?

-a vida da minha mãe não é ruim- digo e ele abre um sorriso.

Belial -não, só é deprimente- só fico com cara de raiva ao ouvir isso.

-eu não preciso de um marido, eu sou forte e independente- agora ele me olhou com uma expressão de deboche.

Belial -me lembrou a Scarlett, ela dizia a mesma coisa, agora olha como ela está, com um olhar frio, sem ânimo, vazia, claro que conseguiu virar rainha de um nível infernal, se tornou forte e independente, mas está sozinha- isso é extremamente desanimador de se ouvir.

-ela deve ser feliz, só vocês que não sabem- digo e ele me encara por um tempo.

Belial -feliz, faz muito tempo que não vejo minha irmã sorrindo de verdade, sinto falta de quando puxava os cabelos dela quando era criança, naquela época ela era menos estranha - ele era uma peste então.

Vejo alguém de relance se aproximar da gente, apenas me viro para ver quem é, acabo congelando por alguns instantes ao ver meu avô, pois ele é assustador.

Dagon -é bom ver que parecem estar se dando bem- diz olhando fixamente para meu cabelo antes de olhar para meus olhos, por que eu sinto que está todo mundo me estranhando?

-tem algo de errado com meu cabelo?- pergunto mais por curiosidade.

Dagon -as cores que refletem nele são um pouco estranhas, é comum que algumas pessoas parem para encarar, pois não é todo dia que vemos algo assim.

-as pessoas estão me olhando por que sou estranha?- digo e ele apenas me encara fixamente.

Dagon -diria raridade, estranho para mim seria algo ruim- então eu estou chamando atenção de uma forma boa?

Belial -tem certeza que não é adotada? Não parece nada com a Eliza- só olho para ele de forma séria.

-eu nasci da minha mãe- digo de forma séria.

Dagon -ele conseguiu de irritar, é isso que ele queria- quando reparo em seu rosto noto que parece se divertir com isso.

Porra.... Por que lembrei do Dragomir.

Entre Mundos (Deuses Elementais)Onde histórias criam vida. Descubra agora