Entre Mundos (Deuses Elementais)

Capítulo 31

Cristal

Acordo com uma dor de cabeça tão grande que acho que ela vai explodir, parece que eu bebi uma garrafa inteira de whisky. Não lembro de muita coisa, apenas que uma loira me beijou e me levou para uma termal,  eu perdi a consciência ali.

Me levanto devagar enquanto observo onde estou. Um quarto grande na cor cinza e branco, a cama tem lençóis cinzas e tudo parece sem cor ou vida.

Tento me manter em pé, mas quase caio pelo meu equilíbrio estar estranho, apenas me olho no espelho e noto que alguém trocou minhas roupas, sinto meu rosto comecar a queimar, pois alguem me viu nua, ninguém além da minha mãe me viu assim....

Dou passos para trás quando escuto a porta do quarto ser aberta, mas me acalmo ao ver que é Raven, apenas caminho até ele e o abraço, pois de certa forma é reconfortante ver um rosto familiar, já que não consigo parar quieta em um lugar, mas não esperava ser empurrada para trás de forma brusca o que me faz cair de bunda no chão.

Raven —não dei a você permissão para me tocar, garota— diz com um tom de voz rígido e bravo, apenas olho para cima ainda sentada no chão enquanto noto seu olhar irritado.

—quem trocou minha roupa?— pergunto  mais por insegurança.

Raven —uma empregada, fica tranquila, nenhum homem viu você, agora se pudesse se apressar e explicar como chegou aqui, que portal usou, etc..— por que ele é tão sem paciência?

—eu não usei portal, acho que tenho algum poder de viajar entre mundos, começou quando eu dormia e aparecia em mundos diferentes, mas começou a acontecer comigo acordada e eu não tenho nenhum controle sobre isso— digo me levantando, estou irritada por ele ter me empurrado, mas eu invadi a zona de conforto dele —sabe como posso controlar isso ou até bloquear? Quero voltar para casa, por favor.

Digo fazendo uma cara de choro, pois estou realmente quase chegando nesse ponto, se eu não conseguir voltar terei uma crise, pois não posso viver aparecendo um lugares do nada.

Vejo que ele encara meu rosto como se não estivesse acreditando na minha cena.

Raven —isso não é problema meu, é melhor sair desse mundo até meio dia, se não será morta, pelo Leviathan, tenho certeza que se não consiguir vai virar o almoço dele, melhor se apressar— delicado como um tapa na cara.

—por que você é tão babaca?!— pergunto desfazendo a cara falsa de choro e ficando brava.

Raven —por que não tem nada que me obrigue a ser o contrário, agora some do meu quarto, tenho que encontrar a Lyla daqui a alguns minutos e você vai atrapalhar— ele vai encontrar aquela mulher ignorante em seu quarto?

—vai fazer o que, transar com ela é mais importante que tentar me ajudar? Cadê sua empatia!— digo sem acreditar e ele apenas me olha com a sobrancelha um pouco levantada como se estivesse estranhando algo.

Raven —eu tenho mais coisas para fazer que aturar uma pirralha que vai morrer de um jeito ou de outro, agora da um jeito de ativar seus poderes e sair daqui— apenas forço mais minha mandíbula ao ponto de ranger meus dentes.

—como desejar, Deus da morte— falo com um tom bravo, passo por ele e saio do cômodo.

Dou de cara com Lyla que está segurando uma pasta cheia de documentos, quando ela olha para mim fecha a cara na hora, passo por mim e entra no quarto.

Caminho pelos corredores sem saber muito para onde deveria ir, mas sei que tenho que sair dessa lugar, antes que eu vire jantar daquele ser pálido.

Tento pensar na minha casa enquanto fecho os olhos, mas quando abro continuo no mesmo lugar, bato meus pés no chão brava.

—eu sou uma inútil!— digo irritada.

**** —por que se acha uma inútil garota?— tomo um susto ao ouvir a voz de alguém atrás de mim

Quando me viro vejo um homem de cabelo prateado preso em um rabo de cavalo, olhos azuis, pele branca e lábios quase sem cor.

—quem é você?— pergunto me afastando um pouco dele.

****  —meu nome é Zero, sou o Deus elemental do gelo— ele controla o elemento gelo?

—quantos deuses existem?— pergunto curiosa o que faz ele abrir um sorriso de canto.

Zero —tem o castelo dos deuses da emoção, são eles os deuses da Alegria, Tristeza, Medo, Raiva, Nojo, Desprezo, Surpresa. Outro castelo para os deuses dos sentimentos, Deus Melancolia, Gratidão, Amor, Felicidade, Compaixão, Decepção, Curiosidade, Solidão, Culpa, Remorso. Por último o castelo dos deuses Elementais,  água, fogo, terra, ar, gelo, raio, éter. Tinha um outro castelo, para os deuses mais importantes para a vida em si, para a deusa da vida, o da morte, o da calamidade e o da reencarnação— eu não imaginava que tinha tantos deuses assim.

—o que acontece se um dos deuses morrer?— pergunto e ele respira fundo e abaixa a cabeça.

Zero —se você fizesse essa pergunta a um século atrás eu diria que a gente não podia ser morto de forma alguma, mas agora eu duvido um pouco disso, se um de nós morrer a responsabilidade que carregamos acaba, por exemplo, se o deus da alegria morrer ninguém nunca mais sentirá alegria— quem morreu para ele parar de duvidar disso?

—algum de vocês já morreu ou foi morto?— pergunto mais por curiosidade.

Zero —a mais importante de nós, a deusa da vida, esposa do Necro— como assim????

—o Raven era casado com esse personalidade ignorante dele?— pergunto sem acreditar, mas logo depois noto algo mais importante —pera aí, se ela era a deusa da vida, por que continuamos vivos?

Zero —não era exatamente a deusa que deixa todos vivos, mas é a que cria almas para as futuras vidas, não notou a baixa na natalidade dos mundos?— meu nascimento foi o único que a criança sobreviveu em deus décadas, minha mãe se sentia muito orgulhosa quando caminhava comigo nos braços enquanto todos me olhavam com inveja, mas eu também estava destinada a estar morta.

—tem poucos nascimentos, mas ainda tem algumas crianças nascendo— digo rebatendo sua afirmação.

Zero —por que o Deus da reencarnação  está reciclando almas dos familiares falecidos para as crianças continuarem nascendo, mas tem limites e pessoas demoram a morrer, o que significa que uma hora realmente não nascerá nenhuma criança, por isso precisa morrer, pois sua alma vai para uma geração que precisa existir— agora entendi o porquê da insistência de todos na minha morte.

—posso perguntar como o Raven tratava a esposa dele?— pois não é possível que fosse ignorante com ela.

Zero —um pouco frio, mas era extremamente preocupado com ela, perto dela era o homem mais cavalheiro que poderia conhecer, infelizmente ficou ainda mais frio e ignorante quando se foi, pois não estava por perto para salva-la— ele deve ter sofrido tanto...

—sabe como posso sair daqui antes de meio dia?

Zero —não tem portais aqui, deve pegar carona com algum Deus que costumava viajar para fazer seus trabalhos, espera o Raven sair para pegar almas e pula nele para viajarem juntos quando for estalar o dedos—  não me parece uma boa ideia, mas é o único jeito.

Mês que vem  vou atualizar mais a história da Scarlett que essa, só avisando.