Cristal
Quando chego em casa a primeira coisa que faço é correr para o calabouço, nem cheguei a cumprimentar o concelheiro e meu antigo guarda, Arthur. Vou até a cela do cavaleiro e abro a porta para entrar, apenas me deparo com ele sentado imóvel olhando para a parede.
—eu voltei, sentiu saudade?— pergunto ainda parada em frente a porta, o vejo virar o rosto para me encarar, mas seu olhar continua mostrando ódio e desdém, inclusive acabei tomando um leve susto, pois tinha esquecido que seus olhos são completamente pretos.
Cavaleiro —eu pensei que você tinha sido morta, mas infelizmente eu estava enganado— só faço uma expressão séria ao ouvir isso, pois continua arrisco como sempre.
—pensei que depois de um tempo para refletir iria mudar um pouquinho— digo, mas ele apenas ignora minha frase e vira o rosto para encarar a parede novamente, o que ele tanto olha ali? Não tem nada.
Cavaleiro —se enganou então, borboleta, agora suma daqui ou decida logo me matar— quem ele está achando que é para me dar ordens?
—você é um prisioneiro esqueceu? Não pode mandar em mim!— digo ficando irritada, noto que abriu um meio sorriso.
Cavaleiro —é bom saber que mesmo preso consigo tirar a paciência de alguém— mas que desgraçado.
Só saio da cela e fecho ela novamente, pois minha paciência acabou, eu preciso arrumar minhas malas.
Quando passo pela sala de estar apenas vejo Arthur falando com seu pai, aproveito para esperar um pouco, pois quero conversar com ele.
Quando vejo Milo ir embora vou até Arthur que olha para mim por alguns segundos antes de se curvar.
Arthur —como foi sair desse lado do purgatório alteza?— pergunta me olhando com um sorriso tranquilo.
—foi interessante, lá tem monstros, uma arena de luta, é diferente daqui, as pessoas são mais animadas, mais perversas também de certo modo— aqui todos são quietos e parecem estar mais mortos que vivos.
Arthur —entendo, espero que um dia a rainha desfaça a barreira para todos poderem viajar de vez enquanto— talvez um dia ela faça isso.
—e então, o que aconteceu aqui de interessante enquanto eu estava fora?— estou curiosa, bastante até.
Arthur —nada demais, nobres vindo aqui pedir coisas, etc— pelo que parece as coisas aqui nunca mudam mesmo.
—certo, então vou subir para o meu quarto, qualquer coisa só me avisar— digo me virando.
Arthur —tem duas cartas em cima da sua escrivaninha, acho que é só isso mesmo— depois de ouvir isso apenas sigo meu caminho até as escadas, pois meu quarto fica lá em cima.
(...)Quando abro a porta do quarto vou direto para a escrivaninha, lá vejo realmente duas cartas em cima, pego elas para ver quem me mandou, uma é da minha vó Mia a outra está sem nome, que estranho.
Abro a da minha vó tirando o gelo vermelho com o símbolo da família do Dagon.
Carta
Oi minha princesa, aqui é a Mia, sua vó.
Eu não quero ser muito intrometida na sua vida e escolhas, mas eu sei do futuro, consigo ver ele, não sei se sua mãe contou sobre isso, provavelmente não, mas é algo que deveria saber.
Eu sei que esconde algo, que vai sumir do mapa daqui a alguns anos, eu quero entender o porquê, sua mãe vai sofrer tanto, vai te procurar sem parar, sem nunca parar ou desistir.
Não faça isso, se deseja fugir com alguém pelo menos de notícias, tenho certeza que sua mãe vai entender.
Olha, se quiser conversar sobre eu estarei sempre aqui para te ouvir, caso não tenha ideia do que estou falando esqueça, mas fique atenta está bem? Se qualquer coisa acontecer perto do seu aniversário de 23 anos, avise.
Tchau, Cristal.
Que estranho, eu nunca imaginei que iria ler algo assim, ela sabe que irei sumir então significa que irei mesmo morrer.
Minha mãe nunca vai deixar de me procurar, mas ela não sabe como meu pai vai reagir a isso.
Só pego a carta e taco na lareira, pois não quero que minha mãe leia isso. Espero que ela não tenha chegado a contar, acho que não, pois minha mãe iria querer me proteger de todas as formas possíveis inclusive me prendendo no castelo.
Pego a outra carta para ler, pois mesmo sem o nome do remetente tenho curiosidade para saber o que está escrito.
Carta
Cristal, seja uma garota esperta e inteligente e se afaste do Dragomir, ele vai levar você e todos a desgraça em algum momento. Os outros deuses não são benevolentes, não perdoam quem erra.
Não arrisque perder o pouco tempo que lhe resta ajudando alguém que pôde levar tudo a destruição.
É só esse concelho que tenha a dizer a você, esse assunto está apenas entre nós por enquanto.
Adeus "estrelinha"
Essa carta.... Será que é do Raven? Será um aviso?
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Entre Mundos (Deuses Elementais)
RomanceCristal é a princesa do purgatório, adquiriu um enorme poder que foi usado nela quando nasceu para impedir que acabasse falecendo por causa da má formação dos órgãos. O Deus da morte não ficou nada feliz por não poder fazer seu trabalho e riscar o n...