Capítulo 2

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Cristal

Apenas fico olhando para o teto enquanto tento ao máximo dormir, mas o sono não vêm. Preciso sair um pouco, mas não quero ir para o jardim e ainda ser acompanhada pelos guardas.

A porta do meu quarto está fechada então posso fugir pela janela, meu quarto é no segundo andar, não será nada difícil descer com a corda que escondo debaixo da cama.

Eu tenho asas, acho que puxei da minha mãe, são prateadas, quase brancas, mas não sei voar, nunca fui ensinada, minha mãe até queria me ensinar a voar como ela, mas tinha medo que eu caísse e me machucasse então desistiu da ideia.

Vou prender ela na sacada e descer, já virou quase um hábito fazer isso.
(...)

Enquanto desço pela corda vejo que os guardas vão mudar de patrulha o que me dá oportunidade de sair sem muita dificuldade.

Caminho atrás dos arbustos até chegar em uma passagem em uma parte do muro.

Fico mais tranquila quando saio, pego um manto com capuz na mochila e coloco para não ser vista, pois não tem como passar despercebida já que todos sabem como a princesa é "especial e única"

Sou a única pessoa em todo esse lugar com cabelo platinado que reflete cores diferentes, qualquer pessoa que chegar a me ver vai saber quem eu sou.

Enquanto caminho pelas ruas iluminadas fico olhando as pessoas andando com seus amigos e namorados, eles tem liberdade para fazerem o que quiserem e eu não posso nem ter amigos se minha mãe não permitir.

Quando paro para pensar parece idiota eu reclamar dos meus problemas, pois qualquer um iria querer ser uma princesa ou príncipe. Eu daria tudo para sair por aí, matar monstros, me divertir em bares, festejar e não parecer uma princesinha chata e recatada.

Eu concordo com a minha mãe quando diz que não preciso de homem, eu realmente não preciso, não sonho em casar nem nada disso, mas não quer dizer que eu não queira me aproximar deles, tenho curiosidades, inclusive a de saber como é o corpo deles por baixo da roupa.

Fui explicada como funciona o corpo de uma mulher e de um homem, mas minha mãe nunca me mostrou ilustrações ou algo do tipo.

Só paro em frente a um bar animado, consigo ver pessoas dançando e se divertindo, inclusive uma mulher cantando no palco.

Entro no lugar e me dirijo a uma cadeira em frente ao bar, pego minha cardeira com dinheiro na bolsa para pedir algo.

—olá, poderia me servir vodka com limão?— pergunto para o garçom que para de olhar para o palco e olha para mim, está me analisando pelo que parece.

Garçom —você tem pelo menos idade para beber garota?— parece sério, mas como já estou acostumada só coloco duas notas de cem na mesa e ele parece esquecer na hora a pergunta.

—aproveita e traz a garrafa inteira— digo e ele apenas pega o dinheiro e traz a garrafa sem dizer uma palavra.

Bebo um gole da bebida que desce queimando pela garganta, mas apenas dou um sorriso depois. Fico olhando a mulher a cantar uma melodia animada enquanto toca violão.

Todos parecem felizes mesmo sendo pobres, acho que é o fato de poderem viver sem pensar em cumprir as expectativas de alguém.

Sinto uma presença familiar no local, quer dizer, não conheço a pessoa, mas sempre senti ela por perto, não como um anjo da guarda, pois sei que deseja minha morte.

Consigo ouvir uma discussão de dois homens perto do palco, ignoro enquanto tento ver onde esse ceifeiro deve estar, mas paro de procurar quando escuto gritos das pessoas, vejo pessoas começarem a sair do local, inclusive algumas vomitaram lá fora.

Entre Mundos (Deuses Elementais)Onde histórias criam vida. Descubra agora