Entre Mundos (Deuses Elementais)

Capítulo 79

Cristal

Até agora estou me perguntando o que faço em um vinhedo no céu, degustando vinho a procura de Dragomir, ainda mais com meu pai, meu meio  irmão e meu guarda.

Eu deveria deixar Dragomir sumir de uma vez, pois ficar o procurando e ter sua companhia ao meu lado só vai me causar mais problemas e consequências.

Eu não vou viver com medo, não consigo fazer isso, ainda mais pelo pouco tempo que tenho, vou fazer o que eu desejar, pois não posso me arrepender depois.

Vejo meu pai olhar para mim por um tempo, acho que notou que estou a balançar o vinho sem beber, olha que no início eu era a mais animada em estar "degustando".

Dante —Cris, eu sei que não criei você e que não somos próximos como um pai e uma filha deveriam ser, mais saiba que estou aqui para ouvir seus problemas igual sua mãe faz, quero saber o que está te desanimando, se você já está "namorando", espero que não sinceramente, mas se estiver quero aconselhar você— ele parece querer se aproximar de mim, mas se eu ter abertura para isso ele vai sofrer mais, eu não quero que ninguém sofra por minha causa.

—eu tô bem pai, eu só....

Dante —deve ser complicado se abrir comigo sobre isso, mas quando quiser estarei aqui para ouvir você— só abro um sorriso ao escutar isso.

—mesmo que eu vá falar sobre homens que eu estou interessada? No quanto eles são atraentes— quando digo isso o rosto do meu pai perde a cor enquanto parece estar pensando em algo.

Dante —homens não prestam, Cris, acredite em mim— que hipocrisia essas palavras saírem da boca dele.

—você é homem pai, esqueceu disso?— falo e ele abaixa um pouco a cabeça.

Dante —sou, e pelo que parece eu não presto, tenho certeza que a Eliza deve dizer muito isso— meu pai diz isso com uma expressão que nunca vi antes, parece pensativo.

—deveria se dar mais valor pai, minha mãe nunca disse essas palavras para mim, talvez que você seja extremamente infantil, irresponsável entre outras coisas— ele levantou a sobrancelha ao ouvir isso.

Dante —ela tirou você de mim e eu sou o irresponsável e infantil?— eu sabia que o assunto ia mudar no momento que eu falasse sobre minha mãe.

—pai, eu sei que é difícil de entender o lado da minha mãe, sei que ela está errada ao me esconder de você, mas ela não tem ninguém, passou por tanta coisa sozinha, quase me perdeu quando eu nasci, era para eu estar morta, ela ia passar pelo meu luto sozinha mesmo que ela tivesse de avisado sobre mim— falo e ele só olha para o seu copo por um tempo.

Dante —você nem sua mãe chegaram a me contar sobre o porquê quase morreu ao nascer— eu realmente esqueci de falar, mas também não queria entrar nesse assunto, me faz sempre lembrar do meu inevitável fim.

—meus pulmões não se desenvolveram direito durante a gestação da minha mãe, quando eu nasci não respirava, meu coração também era mal desenvolvido e falhou também, resumindo, era para eu estar de baixo da terra agora, sendo devorada por vermes— digo bebendo o resto do vinho que sobrou no meu copo.

Dante —mas você está aqui, e pelo que citou no seu aniversário é por causa da jóia da criação.

—sim, ela me salvou, mas não do meu destino...— falei demais

Dante —como assim do seu destino?— preciso fugir do assunto.

—tenho pensado demais ultimamente, no que o destino está me reservando, sabe...— vejo pelo olhar dele que consegui fugir do assunto com êxito.