Capítulo 10

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Cristal

Desço as escadas de pedra que levam ao calabouço mal iluminado, chegando lá em baixo vejo farias celas, a maioria está vazia, pois aqui a pena de morte é liberada, minha mãe não acredita que um assassino que matou várias pessoas possa mudar.

Chego na parte mais funda em frente para uma porta de ferro, apenas olho para os guardas no lado da entrada que apenas abrem a porta para mim entrar.

Caminho para dentro do lugar  onde vejo o cavaleiro de cabelos pretos sentado em uma cama de pedra olhando para a parede, suas mãos estão presas por algemas pesadas de ferro, suas pernas também o impossibilitando de correr, tem uma enorme corrente amarrada em sua cintura que só chega até alguns centímetros em frente a porta, não poderá sair da cela assim.

Parece tão indefeso, mas sei que mesmo preso consegue matar alguém, então manterei distância.

—quem diria que o cavaleiro da ordem estaria preso bem na minha frente como um simples presidiário— falo normalmente o fazendo virar seu rosto para mim devagar, seus olhos completamente pretos me fazem sentir um frio na espinha.

Cavaleiro —deveria medir suas palavras, pois quando eu sair daqui farei você implorar por perdão— diz com sua voz calma, o que me faz ficar inquieta, pois seu tom de voz não mostra nada.

—na verdade você vai ficar aqui pelo resto dos seus dias, pois não irei matar você— digo em um tom firme o que o faz rir.

Cavaleiro —acha que assim irá resolver seu problema comigo tentando matar você? Deixa eu te contar uma coisa então, se em 5 anos você não for morta por nós vai ser eliminada por alguém mais importante, e se chegar a isso sua alma não vai ter reencarnação, você vai desaparecer para sempre— quando ele diz isso só abaixo meu olhar.

Não pode ser verdade, tem que ter um jeito de mudar isso.

—impossivel, Amon disse que vocês estão a caçar ele a décadas, por que esse ser importante não foi atrás dele para mata-lo?— pergunto duvidando de sua afirmação.

Cavaleiro —vocês quebraram regras diferentes, Amon mudou de dimensão, você quebrou o ciclo de reencarnação, consequentemente o destino e o futuro de outro ser que não chegou a viver— fico confusa com sua frase, o que exatamente ele quis dizer com isso.

—como assim eu impedi alguém de viver?— pergunto e ele apenas abre um sorriso de canto e fica em silêncio, o que me deixa ainda mais brava.

Cavaleiro —daqui a cinco anos você vai ter quantos anos, 23? Nossa, viver até os 23 anos nem é viver— diz rindo de forma sádica o que me faz ir para trás e sair da cela.

Corro para a parte de cima, pois quero voltar logo ao meu quarto.

Dante

Apenas assino os documentos rapidamente, pois quero sair logo do castelo, preciso de ar fresco.

Cristian —é para ler os documentos antes de assinar, Dante. Pode acabar concordando com alguma baboseira— sempre criticando tudo que faço, acho que é para isso que irmãos servem no final das contas.

—eu vou revisar tudo quando voltar, certo— digo me levantando ao terminar de assinar, mas acabo lembrando de algo que senti ontem —por acaso vocês também sentiram a presença do Amon ontem e de outros três?

Cristian —tive a impressão que sim, mas nunca vamos saber, não podemos ir ao outro lado do purgatório, se a Eliza precisasse de ajuda iria dissolver a barreira, mas como não fez isso deve estar bem— ou ela é orgulhosa demais para fazer isso, para pedir minha ajuda.

—sabe se o Nathan já acordou? Queria sair com ele— pergunto e meu irmão fica meio em silêncio.

Vejo Alex entrar na sala do trono para deixar alguns documentos em cima o que me dá oportunidade de perguntar.

—viu o Nathan hoje, Alex?— pergunto o fazendo se virar para mim, ele esta me olhando agora.

Alex —ele saiu de madrugada e ainda não voltou, não é impressionante sendo seu filho, se nem você mostra responsabilidade, imagina aquele garoto— ele está pior que o  Cristian, só sabe me julgar.

Depois que os reinos foram divididos e a barreira foi feita fiquei meio desolado, era rei, o que eu tanto queria, mas não estava me sentindo bem como achei que sentiria.

Sentia tanta falta de Eliza, só pensava na nossa despedida, de todos os beijos que dei nela, mas quando acordei ela não estava mais ao meu lado, depois que a barreira foi criada tive que me acostumar com o fato de que nunca mais a veria, mas era de se imaginar depois que estraguei o casamento dela.

Tenho certeza que pestinha ainda deve me odiar, eu devia dela esquecido muito antes de tudo aquilo, pois depois daquilo só fiz coisas idiotas.

Não lembro mais de quantas mulheres dormi naquela época para ver se a esquecia, só que quanto dei por mim tinha uma mulher na sala do trono dizendo que esperava um filho meu, é para minha surpresa o exame de DNA deu positivo.

Virar pai, naquela época eu nem sonhava que algo assim poderia acontecer, mas aconteceu e eu tive que aprender a lidar comigo e com ele, meu pequeno Nathan que agora nem para mais no castelo, só vive em festas e tabernas.

—sou um péssimo pai, não é?— pergunto já sabendo que vão confirmar isso.

Cristian —para um pai solteiro você fez seu melhor, tentou o educar bem, mas sendo seu filho não ia dar muito certo mesmo— eu me pergunto se deveria mesmo der ficado com ele.

A mãe do Nathan não se importava nada com ele, só queria o dinheiro da pensão, isso não era um problema para dizer a verdade, dinheiro não me falta sendo rei, mas o que me irritou foi o fato do meu filho sempre ter marcas roxas na pele, ele só começou a falar depois dos 7 anos por causa dos traumas. Eu acho que nunca vou me arrepender de ter pago ela um grande valor para sumir de vez da vida dele.

Só escuto a porta da sala do trono sendo aberta, vejo meio filho entrar todo desorientado, está cambaleando de tão bêbado, o que me faz respirar fundo.

Nathan tem cabelo preto ondulado, sua pele é morena, é bronzeado por ficar muito tempo no sol, seus olhos são castanhos e é alto para quem tem apenas 17 anos.

Alex o segura para não cair no chão, só vou até ele e coloco seu braço apoiado em meu pescoço para leva-lo ao seu quarto.

Nathan —desculpe pai, por isso— diz rouco, as vezes essa situação me faz pensar onde eu irei.

Apenas fico em silêncio enquanto o levo para o quarto, pois sei que dar sermões não vai resolver nada, ele vai dizer que sou assim, que não posso falar nada.

Com certeza Eliza não deve estar passando pelos mesmos erros que eu, ela tinha razão, eu não tenho responsabilidade alguma com os meus problemas.

Entre Mundos (Deuses Elementais)Onde histórias criam vida. Descubra agora