Capítulo 78

1.8K 205 63
                                    

Cristal

Enquanto arrumo minha mochila para ir viajar, escuto o som de pessoas conversando no jardim, como estou perto da janela vou lá dar uma olhada. Vejo meu pai e Nathan conversando, Arthur está um pouco afastado apenas olhando, está me esperando descer, acho que não quer entrar no assunto também.

Só volto a pegar minhas coisas, e colocar dentro da mochila, quando acho que está tudo certo, saio do quarto e desço as escadas, queria levar mais coisas, mas estou sem espaço.
(...)

Quando chego ao jardim caminho devagar até Arthur que parece estar distraído olhando a neblina se aproximando do castelo. Esse reino tem uma pegada mais sombria, tudo tem uma cor meio sem vida, as plantas são amarelas opacas, as flores são brancas ou cinzas, o reino quase não fica ensolarado, sempre está nublado ou com uma camada espessa de neblina.

Coloco a mão em frente aos olhos dele e espero dizer alguma coisa.

Arthur —Cris, não somos mais crianças para continuar brincando dessa forma— diz com um tom calmo, está certo sobre isso, não somos mais crianças, mas ainda assim gosto de brincar de vez enquanto.

Apenas tiro minhas mãos da frente dos seus olhos, ele se vira para olhar para mim e abre um sorriso, tem alguma coisa na minha cara tenho certeza.

Vejo que ele estende a mão e acaricia meus cabelos cuidadosamente, vejo que ele tira uma pena que estava presa, acho que minhas asas estão trocando de plumas.

Arthur —você é extremamente fofa, parece um anjinho— diz arrumando meu cabelo bagunçado por ele.

Não consigo deixar de olhar em seus olhos castanhos por um tempo, pois ele é tão calmo e tranquilo que consegue me passar a sensação que está tudo bem.

Minha atenção é tirado do rosto do Arthur ao escutar uma tosse, olho e vejo meu pai nos encarando incomodado.

Dante —poderiam ficar um metro de distância um do outro durante a viagem sabe, não pega bem uma mulher solteira  ficando perto de um homem— pelo olhar dele não parece muito apenas uma sugestão.

—então eu posso ficar ainda mais perto de mulheres iqual você fica?— pergunto com um tom e sorriso malicioso, vejo que o olhar de meu pai ficou travado.

Dante —não foi bem isso que eu disse— é legal deixar meu pai desestabilizado.

Nathan —podemos ir logo para Heaven?— ele parece desanimado, acho que tem estado muito estressado ultimamente.

—claro, vamos sim— digo começando a usar meus poderes para fazer uma bola de energia para levar todos nós, quando fecho os olhos e abro estamos em um lugar ensolarado com o céu todo azul.

Estamos no meio de uma cidade toda dourada e branca, tem pessoas loira e albinas com asas brancas igual neve passando por nós, estão nos encarando impressionados, acho que não estão acostumados a ver forasteiros por aqui.

—eu realmente parece um anjo— mas minhas asas são cinzas, são de um tom um pouco mais claro de cinza, mas ainda assim são diferentes das deles.

Arthur —sim, você parece— me sinto um pouco incomodada por estarmos sendo encarados.

—nós deveríamos mesmo estar aqui? Não somos seres impuros por termos vindo do purgatório?— acho que demônios vindos do inferno e cidadões do purgatório não deveriam pisar em local sagrado.

Dante —somos da família real do purgatório, não pecadores como a maioria, podemos sim pisar aqui, mas não quer dizer que não seremos julgados por isso— acho que ele está certo, não somos simplesmente pessoas comuns.

—alguma ideia do que posso fazer para encontrar Dragomir?— pois eu não tenho ideia, não conheço ele muito para para saber o que gosta de fazer o tempo vago.

Dante —vamos passar na maior adega de bebidas onde anjos vão para degustar vinho e champanhe, como aqui não tem bares, imagino que possa estar lá— será que o vinho daqui é bom?

—vamos sim— falo animada para experimentar, adoro provar bebidas novas.

Nathan —Cris, você parece mais animada com as bebidas que devem ter lá do que achar Dragomir— claro que não...

—claro que não Nathan, eu não sou alcoólatra para ficar ansiosa por ouvir a palavra bebida— digo ficando séria para ver se ele larga do meu pé, pois sei que ele também é assim quando não está desanimado.

Dante —melhor irmos para o mais famoso e frequentado— meu pai apenas segue na frente, parece saber o caminho, noto as mulheres ficarem todas coradas ao passarem por ele, inclusive uma até deixou a bolsa de compras cair.

Arthur —ele parece chamar bastante atenção por onde passa— diz baixo ao meu lado.

—eu percebi isso, é até um pouco estranho— pensei que anjos não tivessem malícia —por que elas ficam vermelhas?

Arthur —talvez no inferno e no purgatório seja normal andar sem blusa, mas por aqui não é algo comum, é como se o Dante estivesse nu apenas por estar sem camisa— quando ele diz isso aí que reparo que faz sentido.



Entre Mundos (Deuses Elementais)Onde histórias criam vida. Descubra agora