Entre Mundos (Deuses Elementais)

Capítulo 65

Raven

Me pergunto se Cristal recebeu a carta,  espero que aquela peste siga o concelho que dei, pois não vou dar outra chance a ela.

Sou tirado dos meus pensamentos quando sou abraçado por trás, só respiro fundo, pois já não estou em um momento bom para isso.

Angelina —por que você parece tão tenso? Aconteceu algo em seu trabalho que o deixou assim ou é falta de sexo, se for a segunda opção posso ajudar— eu queria entender de verdade por que ela é assim.

—eu não quero dormir com você, não te vejo como um objeto de prazer, e eu tenho certeza que só quer isso para matar sua curiosidade já que eu sou o único que se nega a fazer isso—  quando digo isso ela para de me abraçar.

Angelina —mas com a Lyla você faz— quando viro para trás apenas vejo sua expressão séria.

—é diferente e eu acho que você sabe disso, eu te vejo como parte da família — quando digo isso ela apenas vira o rosto.

Angelina —se você diz, mas porquê da a Lyla o que ela quer?— só olho para cima e fico assim por um tempo.

—ela é fiel a mim, faria qualquer coisa que eu pedisse apenas para estar ao meu lado, a lealdade dela me atrai, ela queria e eu também, fim— digo já irritado.

Angelina —pensei que odiasse mortais, pois Lyla um dia já foi uma— só reviro os olhos.

—sim, você está certa, ela um dia já foi uma, e entre viver sua vida como mortal decidiu me servir. Eu não dormi com ela  por amor, Angelina!— por que ela não entende.

Angelina —família, isso é algo que com certeza nenhum de nós é— diz se virando e sumindo no corredor, apenas fico mais aliviado em estar "sozinho"

—Lyla, sei que você está aí, já pode aparecer— quando digo isso ela desfaz a barreira de invisibilidade, apenas vejo ela comendo uma maçã ao lado da porta de entrada.

Lyla —me desculpe, estava apenas esperando ela sair para conversar sobre um dos nomes na lista— só olho diretamente nos olhos dela.

—sem perguntas né?— só espero que ela confirme.

Lyla —não, claro que não, mas tem um nome na lista, uma criança que.... foi salva no dia marcado de sua morte— quê? Isso é impossível, não existe erros, a lista é escrita com o destino da pessoa já marcado.

—me dê a lista, preciso falar com o Deus do destino, caso esteja certo, você terá que fazer o trabalho por si mesma, sabe disso não é?— falo e ela apenas me entrega a lista.

Lyla —isso nunca foi problema para mim, sabe disso. Já posso pegar outra lista ou tenho que esperar você resolver esse problema?— só olho diretamente nos olhos dela.

—espera um pouco. Sobre o que você ouviu, não tem nada a dizer sobre né?— vejo que ela balança a cabeça negativamente.

Lyla —não meu mestre, não tenho nada a dizer sobre isso— as vezes eu até estranho o fato de ela ser assim.
(...)

Só vou até a sala onde o destino das pessoas é escrito, vejo Hiro sentado em uma cadeira com os olhos fechados, a mente dele deve estar cheia de tudo que vai acontecer, enquanto controla as canetas e lápis que estão a escrever, entendo quando diz que está esgotado.

Ele sempre reclama de dor de cabeça, cansaço e falta de energia, mas é por causa do seu trabalho excessivo, ao contrário dos outros deuses que tem um tempinho para relaxar ele não pode parar nunca, nem para crescer ou amadurecer, seu corpo nunca saiu dessa aparência de 16 anos.

—Hiro, eu sei que está ocupado e tal, mas tem um nome na lista que o destino de morte que não se concretizou— digo, mas ele continua com os olhos fechados por um tempo, deve estar analisando onde errou.

Hiro —deixa, vai morrer daqui a um ano mesmo— diz abrindo os olhos.

—tem certeza? Lembro de ter me falado algo parecido no caso Cristal, que em algum dos seus aniversários ela iria morrer— digo e os olhos dela se fecham um pouco, está analisando algo.

Hiro —não se preocupe com isso, faça seu trabalho, o destino dela já está escrito, quando chegar a hora dela alguém vai ser mandado para acabar com o problema— eu queria que ele explicasse com mais detalhes.

—se você diz. Como está? Deve ser um dia cansativo— digo mudando de assunto.

Hiro —sempre é, não precisa puxar assunto, Necro, nenhum outro Deus vem aqui me ver de qualquer jeito, sou apenas um objeto que serve para fazer o trabalho, ter tudo que acontece e vai acontecer passando em minha cabeça a todo momento— e a Angelina ainda fica se vitimizando por não poder amar.

—se eu pudesse dividiria seu fardo— deve ser tão desgastante só estar nessa parte do castelo, sem jamais poder parar seu trabalho.

Hiro —cada um tem seu próprio fardo, Necro, não sinta pena de mim, só vá e volte ao trabalho—  só respiro fundo e concordo, pois eu não vou tirar a paciência dele.