Necro/Raven
Apenas fico sentado em minha mesa enquanto leio os registros de almas, junto com as novas listas com nomes, pois preciso vizualizar o rosto de todos quando passar meus dedos por cima de cada assinatura.
Consigo ouvir a respiração de Lyla no meu lado, está calma e apenas esperando eu terminar para designar ela ao seu trabalho, mas acho que está ansiosa por estar batendo os pés de leve no chão.
—quer me dizer algo, Lyla?— pergunto me virando me deparando com seus olhos carmesim fixos em mim.
Lyla —na verdade tenho uma pergunta, meu senhor, por que quis que eu trabalhasse como ceifeira? Por que me escolheu entre os outros?— está apenas me olhando normalmente, não parece ansiosa, apenas calma.
—por que somos parecidos, você ao contrário dos outros ceifeiros não tira minha paciência por causa de peso na consciência, por não conseguir cumprir um trabalho, você não deixa seus sentimentos atrapalharem o que tem que fazer, é perfeita para isso, até acho que é mais sã que eu— digo voltando a ler os relatórios.
(...)Só termino de verificar tudo, entrego algumas listas para Lyla e depois me levanto, pois temos muito trabalho para fazer, inclusive várias viagens entre mundos.
Lyla —já vamos então. Queria de perguntar algo pessoal se eu puder é claro— só olho diretamente para ela notando que vai fazer pela primeira vez eu perder a paciência.
—pergunte logo, temos que ir.
Lyla —poderia saber se um dia poderei ter a honra de ser mais que sua serva?— só fico meio travado, pois não esperava essa pergunta, ela nunca demonstrou sentir algo a mais que admiração por mim.
—como o que exatamente? Esposa, namorada, concubina?— pergunto esperando sua resposta até ouvir um ranger atrás da porta do quarto, estava sentindo desde o início a presença de alguém, mas agora noto que com certeza não é um empregado
Lyla —o que você desejar meu senhor— tão devota que até estranho um pouco isso.
Vou até a porta para ver quem é que está bisbilhotando e quando abro Angelina e Cristal caem para frente dentro do quarto.
—duas fofoqueiras, odeio quem bisbilhota— digo as olhando com decepção e desprezo —vamos Lyla, temos trabalho a fazer.
Digo me preparando para viajar, quando vou estalar os dedos algo pula em cima de mim na hora, apenas apareço no purgatório, mas não perco tempo em tacar o que se agarrou em minhas costas no chão.
Olho a garota de cabelos brancos dar um grito de dor quando cai no chão, eu sinceramente não me importo, deveria até ter machucado ela mais pelo que fez.
Pirralha mal agradecida, eu deveria ter levado a alma dela mesmo depois que a jóia a salvou.
Cristal —por que diabos você é assim, custava me ajudar— pergunta irritada passando a mão em seu braço que está machucado por ter a derrubado no chão.
—custava minha paciência, peste, já chegou no seu destino, vai embora— digo aumentando meu tom de voz.
Cristal —NÃO! Você me deve um favor, Raven, pela lista esqueceu??— diz se levantando e ficando a minha frente, seu olhar firme e determinado não é algo que uma pessoa que sabe que vai morrer tem.
—quer um favor por ter pegado uma lista qualquer para mim? Sério? Depois de todos os seus aniversário que eu podia ter levado você?— pergunto começando a rir da ingenuidade dela em achar que devo mesmo um favor.
Vejo que ela apenas me olha com ódio enquanto bate o pé no chão o que me faz lembrar de alguém que conheci que não aceitava um não.
—seu pai deve sentir orgulho de você por ser tão insistente— digo ao lembrar de quando conheci Dante no inferno, apenas o ignorei, mas ainda assim insistiu em beber comigo, em querer conversar mesmo eu o ignorando de todas as formas possíveis
Cristal —eu não sei se ele sente, mas eu sinto orgulho de quem sou, e você vai me treinar nem que eu tenho que infernizar sua vida nesses cinco anos que tenho!— as vezes parece que essa peste esquece que posso mata-la quando quiser.
—não— digo me virando para ir embora, mas desvio para o lado ao sentir que vai me atacar, apenas seguro com a mão sua faca e a chuto na barriga a fazendo cair para trás —você é corajosa, tenho que admitir, mas é apenas uma garota mortal.
Vejo ela apenas socar o chão brava fazendo uma rachadura se abrir.
Cristal —eu te odeio, está acima de todos, leva as almas sem nenhuma pena ou remorso, você se acha perfeito, é imortal, matar você é considerado impossível— apenas vejo seus olhos tremerem de ódio ao ponto de se encherem de lágrimas. Apenas respiro fundo.
—sabe o que acontece com um Deus que não cumpre com seu trabalho, Cristal?— vejo que ela apenas fica em silêncio —eu vou ser apagado e substituído, demitido como os outros costumam dizer para não pronunciar a palavra morto.
Vejo que ela apenas abaixa a cabeça, talvez alguma esperança dentro dela tenha morrido.
—vá para casa, aproveite o tempo que tem de vida com sua família, é só isso que posso fazer— digo me afastando dela e estalando os dedos para fazer meu trabalho.
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Entre Mundos (Deuses Elementais)
RomanceCristal é a princesa do purgatório, adquiriu um enorme poder que foi usado nela quando nasceu para impedir que acabasse falecendo por causa da má formação dos órgãos. O Deus da morte não ficou nada feliz por não poder fazer seu trabalho e riscar o n...