Cristal
Vou até o quarto de minha mãe, pois não dá mais para esconder meu tempo de vida, isso está me consumindo, me deixando com falta de ar. Prefiro que ela saiba por mim que por Dragomir.
Quando bato na porta do quarto da minha mãe, fico pensando nas palavras que irei usar, mas antes que possa pensar muito minha mãe abre e fica me olhando.
Eliza —minha estrelinha, aconteceu alguma coisa?— fala com uma expressão acolhedora, ela está usando uma camisola branca, deve estar se preparando para descansar ou ler.
—posso entrar? Queria conversar contigo sobre algo importante— digo coçando meu braço por causa da ansiedade.
Eliza —claro filha, entra— diz abrindo mais a porta dando espaço para mim passar.
Entro dentro do quarto e caminho até a cama dela para me sentar, quando faço isso ela senta ao meu lado.
Eliza —pode falar o que esta te deixando tão ansiosa— diz segurando minha mão, quer me passar segurança.
—mãe.... Desde criança eu sei que fui muito estranha, sei que via coisas que vocês não viam, que eu tinha até um amigo imaginário...
Eliza —Cris, eu sei que o que você via era uma pessoa, um ceifeiro, conseguia ver também quando forçava a jóia a me mostrar— então ela sabe dos ceifeiros?
—mãe, o que eu estou tentando dizer é quê meu destino não era estar aqui, você não devia ter me salvado, mas agradeço por ter feito isso, por ter conseguido conhecer você, o papai e todos os outros— quando paro de falar os olhos de minha mãe ficam sérios.
Eliza —Cris, isso está me parecendo mais uma despedida— ela agora está me parecendo preocupada.
—só vou viver até os 23 anos, meu destino era estar morta, mas a jóia mudou isso, e para o equilíbrio das coisas fluir eu preciso morrer— quando termino de falar minha mãe paralisa no lugar.
Eliza —eu vou arrumar um jeito— diz apertando o punho com força.
—eu já falei com os deuses, não tem jeito, não adianta lutar e eu já aceitei isso— digo abaixando a cabeça.
Eliza —não, não, não! Você não pode morrer!— quando minha mãe aumenta a voz me assusto um pouco, mas logo noto lágrimas caírem dos seus olhos.
—mãe, está tudo bem, não vamos fazer esses últimos anos serem deprimentes né?— digo forçando um sorriso, mas minha mãe apenas olha para suas mãos em silêncio, está pensativa, tem algo de errado? Tem algo que ela quer falar? —mãe, está tudo bem?
Eliza —não, você quer que eu fique bem sabendo que minha única filha vai morrer? Cris, você é meu cristal precioso, meu mundo, minha estrela, tudo pelo que eu sempre lutei foi para você ter um futuro perfeito!
—não é como se isso fosse culpa minha— digo de forma seria.
Eliza —eu não disse que é, Cris, eu preciso pensar um pouco, pode me deixar sozinha— fico completamente sem reação quando ela diz isso, mas só me levanto e vou até a porta.
Não quero pensar sobre isso agora, amanhã talvez iremos conseguir conversar melhor.
(...)Quando acordo vejo alguém no lado da janela me observando, pela luz alaranjada refletindo em seus cabelos sei que é Dragomir.
Dragomir —bom dia abelhinha, dormiu bem?— quando ele pergunta se aproximando apenas me viro brava, pois me obrigou a contar, esse babaca.
—some da minha vida, não tenho mais por que continuar aturando você— digo olhando a parede do quarto.
Dragomir —Cris, eu sei que está brava, mas foi melhor ter contado, um dia se arrependeria se...
—eu contei e não preciso mais ter que conviver contigo, não preciso mais olhar para você, some da minha vida. Faça o que quiser, mas não me inclui mais nos seus planos!
Dragomir —como quiser, Cristal— sua voz séria me causou um incomodo estranho, quando me virei ele já tinha sumido.
Não me importo mais com o que ele vai fazer, não é mais da minha conta, eu preciso ficar aqui, estar presente para minha mãe, não quero que se sinta sozinha.
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Entre Mundos (Deuses Elementais)
Roman d'amourCristal é a princesa do purgatório, adquiriu um enorme poder que foi usado nela quando nasceu para impedir que acabasse falecendo por causa da má formação dos órgãos. O Deus da morte não ficou nada feliz por não poder fazer seu trabalho e riscar o n...