Cristal
Apenas como meu café da manhã tentando arrumar ânimo para amanhã, pois é meu aniversário de 18 anos, imagino que deveria estar feliz pela idade da independência, mas o ânimo vai embora quando sabemos quanto tempo temos de vida.
Eliza —estrelinha, o que está incomodando você?— pergunta parando de comer para me olhar de forma calma.
—nada mãe, só que eu queria ter liberdade para fazer o que eu quiser a partir de manhã, vou poder fazer isso?— pergunto olhando nos olhos dela para passar a sensação de decisão.
Vejo que ela me encara sem dizer uma única palavra por bastante tempo.
Eliza —se é isso que quer, só seja responsável, não quero que faça coisas sem pensar, não quero que sofra estrelinha, esse mundo causa mais dor que qualquer outra coisa. Agora coma, deve ter energia para amanhã, pois a sua festa de maioridade será grandiosa minha princesa, chamei meus pais, meus irmãos e mais importante, nobres do inferno e daqui, homens que talvez se interesse— só escuto tudo em silêncio, mas quando ela fala a última parte me engasgo com o camarão.
Desde quando minha mãe está tentando me arrumar alguém? Não era ela que dizia que eu não precisava de homens.
—pensei que eu não precisasse de homem— falo sem entender o porquê da mudança de pensamento.
Eliza —você não precisa, sei disso, mas não quer dizer que não vá atrás de um homem, sei como é ter sua idade, Cris, tinha momentos que os hormônios ficavam a flor da pele. Se for para você se apaixonar por alguém que seja por um dos convidados, serão uma boa opção— ela está tentando impedir que eu me apaixone por qualquer um?
—entendi....
(...)Apenas desço para o calabouço para ver o cavaleiro, pois estou entediada, talvez ele consiga tirar esse monotonia chata da minha vida.
Entro na cela dele e o vejo deitado na cama de pedra olhando para o teto, me aproximo com passos lentos, pois não quero que me note.
Cavaleiro —consigo ouvir seus passos e sua respiração, não vai me surpreender, garota— diz com um tom frio enquanto continua a olhar para o teto.
—talvez um dia eu consiga fazer isso, pois vai passar muito tempo aqui— falo me sentando em um banco de concreto, coloco a cesta de lanches no chão, pois não faria mal fazer um agrado a ele.
Cavaleiro —o que trás você aqui, garota? Está sem nada para fazer e achou interessante vir torturar o seu prisioneiro?— talvez se ele sentisse dor seria interessante.
—trouxe comida, e queria conversar um pouco com alguém que não servisse a minha mãe— tudo sempre chega aos ouvidos da rainha.
Cavaleiro —acho que eu prefiro apodrecer nessa cela a conversar contigo— apenas abro um sorriso divertido ao ouvir isso.
—nossa, que bom então, pois você não tem escolha, vai ter que me ouvir de qualquer jeito, veja isso como uma tortura então— digo com um tom provocativo o que o faz suspirar.
Cavaleiro —ficar ouvindo os problemas de uma adolescente não podia ser uma tortura pior— diz com um tom de mau humor.
—adolescente hoje, amanhã adulta— falo e ele se vira na cama de pedra para me olhar.
Cavaleiro —não deveria estar falando sobre o seu aniversário, no quanto está feliz e blá blá blá? Imagino que seja isso que princesinhas chatas costumam fazer— princesinha chata? É isso que ela acha de mim?
—estou feliz com a maioridade, não com a festa, imagino que você não entenda isso, foi criado adulto e já trabalhando, nunca deve ter comemorado seu aniversário— diz para ver se consigo tirar alguma expressão de seu rosto, mas ele continua com a cada fechada.
Cavaleiro —isso nunca importou, e com certeza não entendo você, esse foi o maior tempo que eu tive parado sem fazer nada, na maioria do tempo estou caçando pessoas, sendo morto ou esperando para voltar a vida— resumindo, ele não tem vida.
—se for um bom ouvinte posso te trazer comida boa— digo e ele apenas abre um sorriso de canto.
Cavaleiro —não vou ser manipulado por causa de comida garota, mas eu não tenho escolha de qualquer jeito, se eu quiser parar de ouvir vou ter que perfurar meus tímpanos, acho que seria melhor que ouvir sua voz chata— por que todo homem que eu conheço é grosso, antipático e ignorante?
—já que você não quer ouvir sobre a vida de uma princesa irei te contar, minha mãe vai fazer um baile enorme em comemoração ao meu aniversário, convidou a nobreza do inferno inclusive, finalmente vou poder conhecer meus avós e tios, pois até agora tem sido apenas eu e minha mãe.
Cavaleiro —por que acha que ela não te apresentou antes a sua família, pois isso é algo natural de ser feito, não?— parece intrigado
—sinto que ela se isolou aqui por vergonha, vergonha de mim, pois não tem outra explicação, ela mostra amar a família dela quando fala deles, mas nunca mais saiu do purgatório desde que ela engravidou de mim— eu preciso me abrir com alguém sobre isso, pois nem com a psicóloga posso falar, não quero que minha mãe saiba o que eu penso.
Cavaleiro —comum que uma mulher que cria a filha sozinha tenha medo de apresentar o erro para os pais, imagino que pais apenas desejem ver os filhos bem e não sozinhos com filhos indesejados— só fico olhando para cara dele seria ao ouvir isso.
—eu fui desejada, tá!— falo e ele apenas de um sorriso debochado—talvez minha mãe só não tenha encontrado um homem bom para constituir uma família aí decidiu fazer isso sozinha.
Cavaleiro —para mim está tentando se convencer disso— eu pensei que ele só ficaria quieto ouvindo.
—isso não importa mesmo, estou me preocupando demais para quem tem apenas 5 anos de vida— digo me levantando da cadeira.
Cavaleiro —como gosto de tacar lenha na fogueira irei te contar um segredinho, seu pai está do outro lado da barreira que separa o purgatório, é o rei de lá e você tem um meio irmão também— como ele sabe disso? Será mesmo que posso confiar nele sobre isso?
—como sabe?— pergunto duvidando.
Cavaleiro —antes de começarmos a caçar uma pessoa preciso saber seus parentescos e o que pode ser problema ou não para nós, se podemos matar as pessoas da família ou não— apenas olho diretamente para os olhos pretos dele antes de sair da cela.
Eu tenho um irmão.... Um pai eu já dúvida que eu tinha, mas um irmão eu nem imagina que podia ter.
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Entre Mundos (Deuses Elementais)
Любовные романыCristal é a princesa do purgatório, adquiriu um enorme poder que foi usado nela quando nasceu para impedir que acabasse falecendo por causa da má formação dos órgãos. O Deus da morte não ficou nada feliz por não poder fazer seu trabalho e riscar o n...