Tulipa Potter e a Ordem da Fênix

Capítulo 33 - Problemas familiares

Millicent Bulstrode narrando

As relações na minha família nunca foram perfeitas e jamais fingimos ser a perfeita família sangue-puro, talvez porque os meus pais sempre soubessem que não conseguiriam fingir uma fachada tão bem quanto os pais do Draco fingiram por anos. Quando criança eu achava que os pais do Draco eram o melhor que um casamento pode ter, que mostravam que mesmo casamentos arranjados podiam levar ao amor. Estando mais velha é visível o quanto a mãe do Draco é mais feliz, completa e tem muito mais personalidade divorciada do que quando era casada. Além é claro do fato que o pai do Draco deu um objeto amaldiçoado para a Tulipa no fim do ano e não ligava que o filho morresse como efeito colateral dos seus planos.

A minha família nunca foi perfeita e nunca tentou ser, o casamento dos meus pais foi puramente comercial para garantir que nasceria uma criança sangue-puro para ser a herdeira dos Bulstrode e depois do meu nascimento eles nem se importaram em ter uma criança reserva e já começaram a dormir em quartos separados. Nenhum dos meus pais recebeu a Marca Negra, mas não porque discordassem dos ideias do Lorde das Trevas, mas unicamente pela praticidade de que o seu dever era ter um herdeiro para a família Bulstrode. Os meus tios que eram os herdeiros sobressalentes receberam a marca e quando foram presos e condenados para Azkaban a minha família nem ao menos se importou em contratar um advogado, não viam motivo para gastar dinheiro. Afinal o meu pai era o herdeiro do meu avô e ele próprio tinha um herdeiro, a linha Bulstrode estava garantida.

Os meus pais também nunca se importaram muito comigo ou foram particularmente afetuosos, assim como muitos dos herdeiros sangue-puros eu fui criada e educada por tutores e elfos domésticos, com eles se lembrando de mim unicamente quando tinham algum evento adulto e queriam me mostrar como a herdeira comportada que queriam que eu fosse. Eles até falavam na minha cara que eu não era particularmente bonita, mas que com certeza conseguiriam me casar com um segundo ou terceiro filho para manter a linhagem... ótimo para a minha auto estima, né? Ainda mais dividindo o quarto com a famosa Tulipa Potter que todos os garotos tinham um crush e garotas lindas como Pansy, Daphne e Tracey.

Hoje graças a Tulipa e muitas seções com o professor Snape eu consigo me aceitar e amar como eu sou, eu consigo ver a beleza que eu tenho, mesmo não tendo a beleza padrão da sociedade eu sou sim bonita, mas principalmente a beleza não é tudo. Eu tenho uma ótima personalidade, amigos incríveis e um namorado sensacional. Viktor é mais do que eu poderia esperar: ele é gentil, divertido, podemos conversar sobre tudo e principalmente ele me respeita e sabe que ainda não estou pronta para fazer sexo com ele. Passamos todo o feriado de Natal juntos e foi o melhor natal da minha vida, com muito mais sorrisos e alegrias do que nunca.

Infelizmente os meus pais fizeram questão desse ridículo jantar de despedida, então aqui estamos nós na casa ancestral dos Bulstrode: eu, minha mãe e o meu pai, todos os três comendo em silencio tendo como único barulho os talheres de prata tilintando contra a porcelana dos pratos. Basicamente um tipico jantar em família, os meus pais tomando um rico vinho enquanto eu devo me contentar com suco de abóbora como a herdeira educada que eles acreditam que eu sou. Se eles soubesse o número de vezes que Pansy conseguiu contrabandear Wisky de Fogo para as nossas infames festas do pijama.

Embaixo da mesa eu balançava os pés como um sinal invisível de rebeldia, uma dama e herdeira jamais deveria fazer algo tão infantil, mas eu simplesmente não conseguia resistir a essa pequena rebeldia segura que não teria consequências já que os meus pais não conseguiam ver.

- Como estão as suas notas, querida? – a minha mãe pergunta quebrando o silencio.

- Eu tenho seguido um plano de estudos para os NOMs e até o momento tenho conseguido me destacar bastante em Transfigurações e Trato de Criaturas Mágicas – falo me perguntando onde ela quer chegar.