Tulipa Potter e a Ordem da Fênix

Capítulo 54 - A profecia

Tulipa Potter-Snape narrando

Fico encarando o meu pai da porta do quarto sem saber o que falar ou conseguir desviar o olhar, o misto de sentimentos era tão grande que era até difícil dar conta. Uma parte de mim queria correr para abraça-lo, enquanto outra queria implorar por desculpas por não ter sido forte o bastante para proteger a minha mente de Voldemort, porte-lo torturado. Me desculpe por não ter sido forte o bastante, me desculpe por complicar a sua vida.

Ao mesmo tempo eu sentia tanto medo que ele me rejeitasse, que ele não quisesse mais ser o meu pai ou achasse que eu não valia todo o trabalho, que não foi para isso que ele se inscreveu. Eu não sabia como concertar as coisas, se havia algo que eu pudesse fazer para tornar tudo o que aconteceu no Ministério menos pior ou prometer que não aconteceria de novo. Ficamos nos encarando por alguns instantes antes do meu pai se levantar e vir até mim e me abraçar, uma sensação de conforto e casa me inunda ao mesmo tempo que sinto a adrenalina e a ansiedade diminuir do meu corpo e lagrimas escorrerem dos meus olhos.

- Papai... – falo com a voz fraca e embargada de lagrimas- me... me desculpe...

- Filha você não precisa se desculpar – o meu pai fala rompendo o abraço para me olhar nos olhos – não foi sua culpa, nada disso foi, toda a culpa é do Lorde das Trevas que possuiu você.

Eu me sentia tão grata por esse perdão fácil que Snape estava me dando, por essa chance de que as coisas continuassem bem entre nós e sem problemas, só que eu ainda me sentia tão culpada por tudo o que houve principalmente pela parte mais constrangedora de todas, a que parte de mim gostou de tortura-lo e machucá-lo, eu sei que não sou santa ou a melhor pessoa que existe e tenho muitos defeitos, mas até eu fiquei assustada com esse lado meu. Não posso esconder isso de Snape, não posso aceitar o seu perdão e compreensão tão fácil, não sem contar o que aconteceu para ele, eu não aguentaria o peso de esconder isso dele.

- Você não devia ser tão compreensivo comigo – falo ainda me sentindo horrível – uma parte minha gostou de te torturar, sentiu prazer com isso.

- Isso foi Voldemort dentro de você, ele não só leu a sua mente, ele te possuiu – Snape fala muito sério para mim – você inclusive conseguiu expulsá-lo antes que ele me matasse e por isso eu estou muito orgulhoso de você.

De alguma forma a explicação lógica do Snape e a forma como ele não me culpava por nada que houve me trouxe uma quantidade enorme de paz. Ficamos assim até eu me acalmar totalmente e então eu percebo que as mãos do meu pai ainda estavam tremendo, elas estavam tremendo a muito tempo, isso não é normal, não pode ser normal, pode?

- As suas mãos... – começo a falar preocupada com ele.

- Ser submetido duas vezes a maldição crucio junto com os meus ferimentos anteriores causou alguns ferimentos nos meus nervosos – Snape fala parecendo relutante – devo me recuperar entre 1 e 2 meses, mas será demorado.

Sinto uma culpa enorme por isso, por ter piorado ainda mais os ferimentos dele desde o último ataque que ele sofreu justamente no departamento de mistérios. Principalmente porque eu sei o quanto ele ama preparar poções e com as mãos tremulas por conta dos problemas nos nervos ele dificilmente terá a precisão de movimentos para preparar os ingredientes e os colocar de forma correta, ou mesmo mexer a poção com a precisão necessária. Isso só aumenta a minha culpa, mas quando tento abrir a minha boca para me desculpar mas ele me dá um olhar tão sério quando o que da para os grifinórios que eu sou prudente o suficiente para ficar quieta.

- Nós também precisamos voltar para Hogwarts, Dumbledore nos quer lá tão rápido quanto o possível – o meu pai comenta mudando descaradamente de assunto.