Tulipa Potter e a Ordem da Fênix

Capítulo 50 - Amor canino

Sirius Black narrando

De certa forma a minha vida deu várias voltas inesperados, várias guinadas que o meu eu mais jovem jamais teria imaginado. A guerra cobrou um preço muito alto na minha vida, eu perdi o meu irmão mais novo que era irritante e idiota, mas o meu sangue e com quem eu nunca tive a chance de concertar as coisas entre nós. Eu perdi James que era meu irmão de todas as formas possíveis, menos de sangue. Perdi a minha liberdade e parte da minha sanidade, mas de certa forma ser completamente cortado da vida da minha afilhada foi muito pior.

Tulipa não era nada como eu tinha imaginado, nada como os pais dela teriam imaginado que ela seria. Eu sei que os filhos não são copias carbonas dos pais, graças a Merlin eu sou tão diferente do meu, mas uma parte inocente minha esperava ver mais do meu irmão e da Lilly na minha afilhada. Eu ainda consigo ver o sorriso inocente que ela coloca no rosto quando na verdade esta aprontando é o mesmo que James usava quando eramos pegos por um professor em uma das nossas brincadeiras, a forma como ela é uma líder natural dos seus amigos e atrai a lealdade das pessoas sem se esforçar é totalmente James. O seu lado certinho e estudioso ela puxou da Lilly, assim como na sua bondade.

Também haviam muitas partes na minha afilhada que eu não esperava e eu não estou falando apenas do fato dela ter sido selecionada para a Sonserina. Ela praticamente idolatrava Snape, navegava nos tramites políticos como uma puro-sangue experiente, era tão doce quanto tinha a capacidade de odiar e machucar as pessoas onde mais doía. O natal havia sido tão bom, eu passei um ótimo tempo com a minha afilhada e consegui roubar alguns beijos do Aluado embaixo dos visgos, mesmo que ele sempre revirasse os olhos e me lembrasse que eu não preciso disso.

Só que tudo deu muito errado quando a Tulipa descobriu sobre uma das brincadeiras dos marotos, nós tivemos tantas que envolveram Snape porque ele era um alvo fácil, uma bola gordurosa e sebosa que era como boa parte da escória da minha família. Era para ser apenas uma brincadeira engraçada, mesmo que Remo e James não tenham visto a graça do mesmo jeito e demorado semanas para me perdoar, não passava de uma brincadeira, até Dumbledore admite isso! Se fosse algo sério eu teria no mínimo sido punido por isso.

O problema é que conforme as semanas se passavam todas as cartas que eu mandava para a minha afilhada voltavam ainda com o lacre e não importava o quanto eu tentasse chama-la pelo espelho de duas faces que eu a dei de presente, eu nunca tive uma resposta dela. A situação ficou tão critica e tão desesperada que em uma noite em que o Remo estava em missão, eu me senti tão sozinho e isolado que não tive escolha além de me arrastar para a antiga adega da família e beber algumas garrafas de vinhos com séculos de idade até adormecer e foda-se o que o Curandeiro Lee falaria dessa forma de enfrentamento. O único problema foi ser acordado com água gelada sendo jogada contra mim.

- Estamos sendo atacados? – grito enquanto sinto a minha cabeça martelar de dor.

Eu tinha esquecido a força de uma dor de cabeça após uma bebedeira, era simplesmente horrível e se tornava até difícil estudar assim. Como eu conseguia ir para aula depois de uma noite de bebedeira no nosso dormitório eu não consigo entender. Pisco os olhos algumas vezes enquanto tento superar a dor infernal, e falhando obviamente, enquanto vejo Narcisa na minha frente parecendo muito irritada.

- Isso realmente era necessário? – pergunto furioso para ela.

Sei que fui eu quem insisti para que a Narcisa ficasse aqui depois que o ex-marido imprestável dela fugiu de Azkaban e quase a matou... Mas foi uma questão de segurança, sem os meus tios e o Lucio por perto a Narcisa é quase uma pessoa legal, claro que hoje ela parece ter voltado ao seu jeito insuportável de sempre com essa atitude. Um bruxo nem pode se afundar na miséria de ser ignorado pela afilhada com vinhos caros na própria casa sem ser atacado de maneira cruel.