finally home.

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— Como o pai está? — Cèline me surpreendeu, ao me agarrar pelo antebraço e me fazer encará-la.

— Bem... — foi tudo o que eu disse, e balancei os ombros, perdida em meus próprios pensamentos. Minha falta de abertura a fez se afastar mais uma vez naquele dia.

Se eu falo demais todos ficam chateados ou com raiva de mim e, se eu não falo, também.

— Na moral, se alguém desmaiar mais uma vez hoje, eu juro que vou deixar pra trás, que merda caralhenta. — Yelena anunciou e eu não poderia me importar menos, talvez eu devesse desmaiar agora?

Estariam me fazendo um favor me deixando para trás, eu preciso ser internada o mais rápido possível.

Internada em um hospício.

— Yelena, pare de falar palavrão um pouco. — Natasha chamou a atenção da irmã, ao passar por ela, que respondeu com uma careta – e, não, não venha até mim... tarde demais, ela estava se sentando ao meu lado.
— Como você está? — como a minha eu do futuro se permitiu cair na lábia dela?

E só pra deixar registrado, o cabelo azul lhe caia melhor.

— Como você acha que eu estou? — me virei para ela. — Pelo o que parece, nenhum médico com anos de estudos nessa desgraça de hospital, já ouviram ou viram sobre um caso como o meu, ou seja, não podem fazer nada a respeito, eu estou quebrada pra sempre. — era piada, só podia ser, aqui estava eu, o ano é 2023, sentada em um hospital, ao lado da minha esposa, ainda soa como algo impossível, pensar nisso, mas como quiserem, estou ao lado da minha esposa, que a última coisa que eu me lembro, era de odiá-la. — Eu não me lembro de metade da minha adolescência e muito menos da minha vida adulta, como você acha que eu estou? — me forcei a encarar aquela imensidão verde diante de mim, me examinando com pena, ela estava com pena. Não, ela também não... — Isso é algum tipo de castigo?

Natasha abriu a boca para me responder, mas não foi rápida o suficiente, e a interromperam a fala.

— É, definitivamente parece castigo.

Kate comentou, recebendo um tapa pela intromissão, esse vindo da minha irmã em pé ao seu lado. Eu não achei que estivessem prestando atenção.

— E mais alguém percebeu que ela falou palavrão e a Nat não disse nada a respeito? — Yelena inquiriu, ganhando o olhar sério de sua irmã mais velha sobre sí. — Só dizendo... — ergueu as mãos e saiu, sendo acompanhada pelas outras duas.

Natasha e eu estávamos sozinhas. Eu não queria, quero os meus pais.

— Eu...

Ela tentou falar, após minutos que passamos em silêncio, mas foi interrompida, mais uma vez, para o meu alívio, ou não, eu queria mesmo ouvir o que ela tinha para me dizer? Eu sentia culpa em tudo que a envolvia, no modo como me olhava, como se movia, falava, ela realmente se sentia culpada pelo o que quer que seja que esteja acontecendo comigo, isso sim era novo pra mim – meus pais deixaram o escritório no mesmo instante e o médico vinha junto.

Isso nunca vai acabar, não é?

— Pai! — Cèline praticamente se jogou sobre o papai, não haviam ido tão longe quando se afastaram.

— Menina, vai com calma, ele ainda está um pouco zonzo. — mamãe falou, mas seus olhos não saíram de cima de mim, como se falasse comigo. — Mas ele está bem... — se prontificou em dizer.

— Eu fiquei preocupada, você só tem tamanho, não é? — vi minha irmã bagunçar seus cabelos loiros desbotados e ele rir.

Eu não me contive de sorrir com a cena, apesar de também perceber que ela não teve toda essa preocupação quando foi comigo.

True Love ↷ Natasha Romanoff. Onde histórias criam vida. Descubra agora