Cinco dias, quase uma semana inteira se passou e eu ainda não consegui fazer com que a Natasha me perdoasse. Não que eu tenha exatamente a pedido que me perdoasse por ser uma grande babaca, eu sequer tentei dizer essa tal palavrinha, o meu plano era continuar agindo como se nada tivesse acontecido, o que também é péssimo, horrível e egoísta, principalmente após eu prometer a Cecília que faria o que fosse necessário, mas qual é? Ela parecia estar se esforçando, e muito, para me ignorar.
Eu é quem deveria estar chateada, afinal, eu quem tragicamente perdeu a memória e descobri estar casada com alguém que eu nunca suportei. Eu quem tive uma filha, que aliás, foi eu quem gerou e mesmo que eu me esforce ao máximo, não consigo me lembrar desse momento que deveria ser um dos mais importantes da minha vida. Eu quem estou tendo que morar em uma casa completamente estranha pra mim e, todas as pessoas que eu costumava conhecer, hoje em dia estão casadas, ou seguindo as suas vidas da forma que for, totalmente mudados, são basicamente desconhecidos novamente.
Eu estou me esforçando para enxergar do seu ponto de vista, mas não vejo exatamente ninguém tentando se colocar no meu lugar, eu não vejo ninguém se dar conta do quão assustada e com medo eu estou disso tudo. Eu estou vivendo, o que é ou era pra ser, a minha vida, na pele de outra pessoa, eu sou uma adolescente, que já deixou de ser uma adolescente a anos atrás, eu não me lembro de como ser uma adulta.
Cecília é o único motivo até o momento que tem feito a minha estadia aqui valer a pena, ela é simplesmente incrível, cativante, temos nos divertido bastante, era ela chegar em casa e a minha vida se transformava em uma eterna férias, apenas a seu lado eu me sinto realmente a vontade nessa casa. Natasha normalmente nos observa de longe e, ela acha que não, mas eu a pego sorrindo sempre que para pra assistir as nossas interações e uma vez ou outra, eu torço para que ela se junte a nós em nossa bagunça, mas ela nunca o faz, embora eu sei que ela deseja, ou eu sinto.
Eu também a observo, não de propósito, simplesmente acontece quando ela está por perto, não consigo evitar e, eu vejo cansaço estampado quando olho pra ela, olheiras como nunca antes, bolas roxas embaixo de seus lindos olhos verdes, agora sem vida. Eu diria com certeza que ela não tem dormido muito bem, mas não com tanta certeza assim, se a culpa de sua exaustão, era por minha causa.
Mais alguns dias e eu tenho exames marcados para fazer, para saber mais sobre o que houve comigo, se realmente é irreversível como me disseram e se for, como vamos viver dessa forma?
Eu deveria ir de uma vez viver com os meus pais e deixá-la em paz. Natasha parece estar sofrendo, enquanto eu continuo a odiando internamente, mesmo que um pouco menos agora, por mais que os dias passem, mesmo com o tanto que eu já vi dela, independente do quanto eu sei sobre a gente, nossa história, eu sou incapaz de despertar outro sentimento, se não ódio, por ela.
Ela não tem que aturar a minha frieza para o resto de nossas vidas, e nem vai, em algum momento, o cansaço será o seu estopim, ela irá embora por aquela porta.
E se decidir levar Cecília com ela?
Essa era a minha única preocupação, bom, minha preocupação maior. Não, sem ela eu não suportaria viver, todos os dias eu conheço partes dela, conheço mais sobre ela, e aprendo a amar essas partes, do jeitinho que ela é, minha filha... minha!
Eu peço todos os dias, a qualquer força maior existente por aí, que se caso ela queira desistir da gente, que me deixe ao menos ela.
— Mama!
Eu chacoalho a cabeça afastando tantos pensamentos ao sentir o toque de Cecília em minha palma, me puxando para a realidade.
— É a minha vez de descer no escorregador? — digo, um tanto quanto sem jeito por ter me perdido.
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True Love ↷ Natasha Romanoff.
FanfictionJá pensou na possibilidade, de que um dia, você poderia estar indo dormir uma adolescente e na manhã seguinte, acordar na cama, ao lado da pessoa mais deplorável da face da terra e, pior ainda, descobrisse que não apenas disse sim a ela, como também...