a part of my life.

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Sabe a sensação de quando você está dormindo e, ainda assim, consegue sentir e ouvir tudo o que acontece ao seu redor?

— Mama! — escuto a voz de Cecília me chamando, em seguida, o seu corpo caindo sobre o meu, no colchão.

Bom, é essa a sensação que estou tendo agora.

Se eu já não estivesse familiarizada com aquela voz fina e infantil e, o cheirinho de bebê, eu me levantaria pronta para praguejar meio mundo, odiava ser acordada, não assim, aos berros e empurrões, mas sendo ela, minha menina, eu me levanto sorrindo.

É fácil de entender, ela é encantadora e me alegra sem o menor esforço, mas difícil de explicar, a forma como a cada manhã como esta, nasce um sentimento novo dentro de mim, por ela. Eu a amo e sei que sim, eu sinto isso com cada fibra do meu ser.

Mamãe me disse que é o instinto materno, mesmo quando eu não me lembro, ainda reconheço Cecília como a minha filha.

— Bom dia pra você também, menina. — cumprimento em meio a um bocejo sonolento.

Cecília está embaixo, as mãos e o queixo apoiados em minha barriga, quase em cima de meu útero e, ela esboça um sorriso enorme assim que me nota abrir os olhos e observá-la.

— Bom dia, mama. — ela tem a voz abafada, ao me responder, me apertava em um abraço caloroso.

— Cecília Rogers-Carter Romanoff! — escutamos a voz de Natasha soar irritada ao longe, a menina citada ergueu a cabeça do meu peito e arregalou os olhos, como se soubesse que estava encrencada. — Pode me dizer porquê a senhorita saiu correndo daquele jeito? — ela adentrou ao cômodo, séria e pisando duro, andou até nós duas deitadas. — Eu te disse que não era para acordar a sua mama, não ainda. — apontou para uma Cecília encolhida e protegida em meu abraço, a repreendendo.

Eu seguro minha filha um pouco mais perto, sua mãe parecia realmente assustadora olhando daqui.

— Mas era hora da bolha... — ela murmura, envergonhada por estar sendo chamada a atenção.

Eu elevo o olhar até Natasha, confusa, me perguntando se aquele era algum outro tipo de código ou programa em familia. 

— Hora do que?

Ela esfrega o rosto e suspira.

— Hora da bolha. — responde, baixo dessa vez e se estica até Cecília, a agarrando com firmeza pela cintura e a puxa para longe de mim, eu até penso em protestar contra, mas pela risada escandalosa, provavelmente estava tudo bem entre elas, só então, após elas se afastarem, é que eu me dou conta de que a pequena estava completamente nua.
— Olha pra você... vá tomar o seu banho e, depois nós vamos conversar sobre você me desobedecer.

— Não precisa chamar a atenção dela por isso, ela me acordou, e daí? Ela é apenas uma criança. — digo, sem nem pensar e congelo sobre o olhar de Natasha em mim, me fez querer ter o poder de sumir dali.

E ela se mantém firme, sustenta aquele olhar perigoso em minha direção, não o desvia nem mesmo ao colocar Cecília de volta no chão, que por sua vez, dispara para fora do quarto.

Esperta era ela, eu quase a acompanhei.

— Ela é sim uma criança e, é por isso, Davina, que precisa conhecer limites e aprender a respeitar, eu dei a ela uma ordem e ela escolheu não me ouvir, então sim, eu precisei chamar a atenção dela. — ela está séria, mais do que o habitual, o que eu não achava ser possível, os braços cruzados abaixo dos seios, estou me sentindo como uma criança, levando esporro da minha mãe. — Portanto, não me repreenda na frente dela uma outra vez, ela pode acreditar que tudo bem fazer o que quiser e vai fazer sempre, a não ser que você queira ser responsável por uma criança mimada.

True Love ↷ Natasha Romanoff. Onde histórias criam vida. Descubra agora