lose her, or not.

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Na saída do hospital, eu caminhei ao lado de mamãe, até o nosso carro, em silêncio total, eu não posso afirmar por ela, mas eu ainda estou tentando digerir tudo o que o doutor nos disse, não é fácil ter a ciência de que você pode nunca sentir que viveu metade da sua vida.

Natasha e papai caminham um pouco mais rápido, em nossa frente, eu tinha a leve impressão de que ela estava se esforçando muito para evitar sequer olhar para mim e, depois de tudo, quem podia culpá-la? Eu também não seria exatamente a minha fã agora, afinal, eu arruinei o seu sonho de princesa, podendo não lembrar de mais nada – eu os percebo sussurrando um para o outro, bom, o meu pai parecia não conseguir se calar, já Natasha apenas o escutava, atenciosa apesar de tudo.

Era curioso vê-los tão íntimos, realmente como amigos de anos.

Eu me pergunto como e quando Natasha Romanoff conseguiu a proeza de conquistar papai dessa forma, apenas Cèline e eu sabemos bem o quão protetor ele foi durante a nossa adolescência, principalmente, em relação às garotas e garotos – no meu caso eram os dois, problema em dobro, Cèline sempre foi voltada mais para o lesbianismo – que tentavam se aproximar de nós duas, para terem um relacionamento e, agora Sr. Rogers parece amar Natasha de forma tão verdadeira, tanto quanto ama Kate, é claro.

Como pai e filhas.

— Princesa. — papai se voltou para mim, antes de nos despedirmos, ele ainda me chamava como quando eu tinha oito anos.

— Sim? — murmurei, ao erguer os olhos cansados, até o mais velho e notar que Natasha já não estava mais por perto, ela se encarregava de destravar o carro para entrarmos.

— Por mim, pela a minha neta, tente ser amigável com a sua esposa. — ele aponta para a ruiva chorosa sentada atrás do volante, apenas a minha espera.

Eu quis fazer uma careta ao ouvir a forma como ele se referiu a ela, mas estou atordoada com o amontoado de notícias ruins para um dia só, para sequer ter alguma objeção quanto a isso.

— Eu prometo que irei me esforçar. — finjo o meu melhor sorriso e me jogo em seus braços, quase como caso de vida ou morte se eu não fosse abraçada pelo o meu pai aqui e agora.

Ele imediatamente retribuiu e, alisou minhas costas em um carinho que transmitia que ele basicamente sentia o mesmo por mim. Esteve sempre óbvio, Steve sempre fez questão de deixar claro o quão apaixonado pela as suas filhas, ele era.

Mamãe foi carinhosa também, e se junta ao abraço, me beijando algumas muitas vezes, por todo o meu rosto.

— Estaremos por perto, vai dar tudo certo, ok? — ele tenta soar o mais confiante, embora ele já tenha dito a mesma coisa antes da bomba ser despejada sobre nós.

Vai dar tudo certo, sim, mas quando? Porque eu não acho que a mulher dentro do carro está disposta a esperar por muito mais tempo.

E eu até tento fazer a minha parte e concordar com ele, mais por ele, do que por mim mesma, se estou sendo sincera, mas a minha feição e sorriso amarelo, não me deixa mentir, eu estava receosa e, não tinha mais esperança alguma.

— Eu espero que sim, papai.

...

Exatamente como na ida, na volta Natasha também passou o caminho inteiro em completo silêncio, com exceção de que as vezes ela fazia barulho sim, para fungar, chorar não fez muito bem ao seu nariz vermelho –, a sua atenção voltada somente e exclusivamente para a estrada, nem mesmo quando Taylor voltou para cantar, ela pensou em olhar para mim e agora, estávamos a bons incontáveis minutos trancadas na garagem da casa que dividimos, o único som que ouço vindo dela é o da sua respiração pesada e seu nariz, a música morreu no segundo em que ela tirou a chave da ignição.

True Love ↷ Natasha Romanoff. Onde histórias criam vida. Descubra agora