paris.

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— Está com fome, filha? — pergunto a Cecília no sofá, ela mantém os olhos vidrados na tv, no jogo de videogame que joga com Yelena, algo sobre as princesas da Disney. Presente da própria Yelena, de natal.

— Não, mama, obrigada. — ela me olha de relance e esboça um sorrisinho antes de se voltar para o brinquedo eletrônico.

— Eu estou com fome. — Yelena sentada ao seu lado diz, erguendo a mão como se estivéssemos na escola.

— Bom, você pode levantar e vir pegar. — Cecília gargalha da feição emburrada no rosto de sua tia. Eu estou quase saindo do cômodo, quando ouço Yelena me chamar. — Eu não vou te trazer iogurte, Yelena.

Ela grunhiu em frustração e revirou os olhos.

— Não era isso o que eu ia pedir... — eu franzo o cenho e cruzo os braços. — Tudo bem, era sim. Mas eu também queria te informar que a sua esposa estava te procurando.

— Cadê ela? — Yelena apenas indica na direção do corredor. Ela está em seu escritório.

Eu assinto e me retiro, já que delas duas eu não receberia mais atenção. Eu dou três batidas na porta antes de me auto-convidar para entrar.

— Oi, meu amor. — ela me nota entrar, me observando por cima do ombro. Ela sorri para mim antes de voltar a sua atenção para as muitas fotos espalhadas sobre a mesa de vidro redonda. Eu fecho a porta e me aproximo. — Eu estou procurando algumas fotos nossas. Estou tendo uma ideia para recriar o nosso primeiro encontro.

— O que fizemos no nosso primeiro encontro? — eu me aproximo, tentando ignorar o fato de que a sua presença me faz extremamente nervosa.

E excitada, terrivelmente excitada.

— Fomos nadar, e fizemos um piquenique, é uma coisa nossa. — ela me olha, apontando dela para mim e eu balanço a cabeça.

— Eu percebi. Provavelmente foi maravilhoso.

— Foi. — ela sorri, nostálgica, se afasta da mesa e se volta para mim. — Exceto a parte em que você me atirou no lago quando eu te roubei um beijo. Minha mente funciona como um cinema particular e eu recrio a cena qual Natasha me descreve em minha mente, do meu jeito. — Mas não foi culpa sua, você se assustou quando eu surgi sem avisar. Eu não dei a mínima, nós rimos e logo em seguida eu corri atrás de você para pularmos juntas.

Eu sorrio, era como se tudo dentro de mim fosse frio e com ela aqui na minha frente, eu estou quente. E é tudo porque eu olhei naqueles olhos, os olhos dela, alegres outra vez.

— E nós vamos fazer isso de novo?

— Se você quiser sentir frio até a morte quando pular na água. — ela riu e eu revirei os olhos, eu estou em minha própria bolha com ela, nada mais no mundo existe, não lembrava que estava nevando lá fora. Ela me deixa quente. — O lago está congelado, meu amor. — ela lembrou ao andar até mim e me beijar na testa.

Ela me deu as costas e se afastou, e eu aproveitei para conhecer mais de perto o seu escritório.

— E aí eu pensei em algo para fazermos no inverno. — ela continuou, eu me afastei da parede coberta por quadros e a encarei.
— E olha o que eu achei.

Ela ergue nas mãos um par de patins para se usar no gelo, o sorriso que enfeitou o meu rosto eu nem tentei conter.

— Era o meu hobby favorito na infância!

— Eu sei, adoro as suas fotos naquela saia azul. — ela dá de ombros orgulhosa. — Quer ir?

— Sim! — eu me perco por um momento, batendo palminhas animada, enquanto fazia menção de que iria me retirar, mas paro no meio do caminho e aponto para uma Natasha sorridente. — Não se esquece de se agasalhar bem, ok? E luvas!

True Love ↷ Natasha Romanoff. Onde histórias criam vida. Descubra agora