weird day.

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Nos dias que se seguiram, Natasha abriu mão de seus próprios afazeres, para ter mais tempo para me acompanhar até o meu trabalho, foi exatamente como ela havia me dito no primeiro dia, eu não queria mais sair, fazer o que eu fazia, era reconfortante, quase como o sentimento bom de voltar pra casa e, a companhia dela, era um bônus, Romanoff lidando com crianças era encantador de se ver.

Hoje é o último dia da semana, ou o primeiro, como dizem em alguns lugares por aí, bom, é domingo e para melhorar, o dia amanheceu estranho, e eu acordei com a leve sensação de que estava me esquecendo de algo, ou melhor, deixando de fazer, mas não tinha certeza.

Não só o meu dia está sendo estranhamente estranho, Natasha também está agindo como tal, quero dizer, voltou a me tratar estranho. Ela andou chorando noite passada, de novo.

Como eu sei disso? Eu a peguei limpando as pressas o rosto quando passei em seu estúdio para chamá-la para o jantar e, a forma como ela me olhou quando disse que não estava com fome, amassada e vermelha, a entregou também.

Eu julguei saber o motivo, é claro que aquilo era minha culpa, mas ao mesmo tempo, eu não havia entendido muito bem, digo, estávamos bem a horas atrás. Com bem eu quero dizer que, não nos desentendemos sobre nada na última semana.

Então talvez só não ser desnecessariamente rude com ela, não seja o suficiente, talvez ela queira mais, talvez ela sinta falta de mais...

Talvez ela queira o que eu não posso dar.

Não mais pelo menos, eu já me dei conta de que éramos unha e carne, apesar de que tem algo a mais de estranho sobre isso, sobre nós.

Por qual crise estaríamos passando? Se éramos tão perfeitas, inquebráveis, o que faria não estarmos em um bom momento?

Poderia ser esse o fundamento de seus prantos as escondidas?

Pequena? — eu me afasto das páginas do livro aberto em meu colo e levanto o olhar para ela, parada na porta do nosso quarto.

Eu estava acomodada na cama, tentava ler um pouco, mas a minha curiosidade e preocupação em relação a Natasha eram maiores do que entender Stephen King, não consegui acompanhar.

— Sim? — deixo o livro fechado sobre a cômoda ao lado e puxo o meu corpo para cima, me apoiando na cabeceira enquanto a observo se aproximar hesitante.

Natasha se senta na outra extremidade da cama, que agora parecia maior do que realmente era, ela evita me olhar, na verdade, encara as próprias mãos em seu colo. Só ai eu me dou conta, ela trazia consigo um embrulho preto de laço vermelho e o aperta como se tivesse carregando a cura para o câncer.

Mais do que nunca eu espero ansiosa e mais ainda, intrigada, para que ela comece a falar.

— Eu tinha todo um discurso preparado, sabe? — eu a vejo enfim erguer a cabeça e me olhar nos olhos, mas não por muito tempo. Natasha nega e gargalha sem humor algum.

— Do que você...

— Não, me deixe terminar, por favor. — me interrompe, eu pressiono os lábios, me desculpando imediatamente gesticulando para que continue, parecia mesmo importante. — Como eu ia dizendo... preparei algo realmente bonito pra você, mas agora não importa mais, não é? No fim, o meu esforço não valeu de nada. — eu tento negar o que ela dizia, sem nem mesmo saber do que se tratava, ela só estava tão decepcionada que eu queria tirar tudo aquilo dela.

Ela permanece em silêncio por alguns instantes, apenas me encarando, em clara negação. Eu era atraída para ela como imã, não conseguia mover os meus olhos dos verdes tristes dela, por mais que eu tentasse.

True Love ↷ Natasha Romanoff. Onde histórias criam vida. Descubra agora