24 DE DEZEMBRO DE 2023.
— NATASHA, point of view.Vazia.
Se eu tenho que me definir neste momento, a única palavra que se encaixa é essa. É assim que eu tenho me sentido. Vazia. Completamente vazia. É como se algo dentro de mim houvesse morrido no dia em que aquele bebê morreu. Bom, de fato algo dentro de mim morreu. Mais uma parte de mim, outra vez. Mas agora, eu queria mais, não... eu precisava, era a oportunidade perfeita para ter a minha Davina de volta, por completo. Porém, eu não poderia mais, não com um filho.
Outra criança era o nosso sonho, embora ela não se lembre disso. Nós planejavamos isso até mesmo antes do casamento. Costumava ser o sonho dela um dia me ver grávida.
"Você irá ficar tão linda com um barrigão. Será a grávida mais linda. Eu vou te mimar tanto."
Quase sete anos atrás, quando decidimos tentar ter um bebê. Eu quem deveria dar a luz a Cecília, fora decisão minha, tanto pelo o fato de que eu queria ser mãe e Davina, me ver grávida. E eu queria dar uma criança a ela, como eu queria. Ela falava com um brilho nos olhos tão lindo do quão gostaria de me ver carregando um bebê nosso, fruto do nosso amor, e eu não consegui mantê-lo, o meu corpo abortou a criança três semanas depois de sabermos que eu estava grávida. Foi um dos piores dias da minha vida.
Eu apenas não tive reação nos primeiros dias, isso antes de entrar em uma depressão profunda, mas o pior não era a minha dor, mas sim perceber as pessoas a minha volta sentindo também, por minha causa. Principalmente ela. Davina ficou quebrada, mas ainda assim não deixou o meu lado.
Ela é, e sempre será o meu refúgio. É ela quem me mantém.
Quando decidimos tentar de novo, como o esperado, não deu certo, foi quando Davina decidiu fazer isso por nós duas, por mim. Eu tentei dizer que ela não precisava, que ainda havia a adoção, mas ela estava decidida, decidida a ter um bebê, a me dar um bebê. Foi a maior prova dela para mim.
Eu não sei colocar em palavras a imensidão do amor que sinto por ela, é maior do que, maior do que tudo. E tê-la grávida da nossa filha, foi o mais feliz que eu poderia chegar a ser. Ela conseguiu a proeza de ser a mulher mais linda mesmo grávida. Eu até arrisco dizer que, depois que ela me presenteou com Cecília, eu a amei um pouco mais. Eu arrancaria o meu coração do peito e entregaria inteiro em suas mãos se ela me pedisse, e ele ainda bateria, por ela.
Era como se cada parte em mim, tudo sobre mim, estivesse morrendo lentamente quando eu tomei a decisão de pedir o divórcio, mas vê-la infeliz comigo, isso era morte, uma morte rápida, então para ter a chance de vê-la feliz uma outra vez, verdadeiramente feliz, eu optei pela a morte mais lenta. E eu morri.
Eu só precisava dela, da minha Davina. Nossa, como eu sentia a falta de tocar ela da forma que eu gosto, não daquele jeito rápido e estranho que vinha sendo. E então, em um dia qualquer, ela simplesmente acordou sem se lembrar de nós, da nossa vida. Eu preferia ter a Davina rude e grossa de volta, a passar mais um dia naquele universo onde ela não me amava. Eu queria a Davina que era minha apesar de tudo.
Eu passei anos da minha vida me dedicando a ela, depois de lutar até o limite, e de repente eu a estava perdendo sem nem perceber. A culpa não era minha, no entanto, e nem dela, pra dizer a verdade, a culpa não era de ninguém. Eu acho que isso só tinha que acontecer. Como o nosso encontro.
Quando eu decidi fazer a inseminação escondida de Davina, eu me preocupei em escolher o homem branco de olhos claros mais próximo possível, de se parecer com a minha esposa, queria ter a certeza de uma segunda criança herdando os seus traços, mas não nesta vida, eu acho.
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True Love ↷ Natasha Romanoff.
FanfictionJá pensou na possibilidade, de que um dia, você poderia estar indo dormir uma adolescente e na manhã seguinte, acordar na cama, ao lado da pessoa mais deplorável da face da terra e, pior ainda, descobrisse que não apenas disse sim a ela, como também...