let her go.

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Eu estou saindo do banheiro no andar de baixo, quando ouço a voz de Cecília me gritar, "mama."

Eu dou uma fungada e aliso o rosto uma última vez, automaticamente abrindo o maior sorriso para ela, imediatamente me esquecendo de que eu estava chorando segundos antes de estar ciente de sua presença.

— Ei minha princesa. — acaricio os seus cabelos preso em uma trança bagunçada, enquanto tenho os seus bracinhos finos, mas incrivelmente fortes, me envolvendo as pernas, me abraçando.

Ela é tão linda.

— Eu fiquei com saudades, mama. — me beija nas mãos, que antes tocavam o seu rostinho, eu me derreto por ela pela milésima vez, não resisto e me abaixo, a segurando no colo. — Mais saudades do que vontade de comer sorvete.

Ela sussurra e me aperta no pescoço dessa vez, eu a abraço de volta, como se aquele fosse o último contato que eu teria com ela, minha filha.

Era coerente eu dizer que me sentia protegida dentro do abraço de uma menina de seis anos de idade?

— Então quer dizer que não pararam pra tomar sorvete hoje? — pergunto, movendo a mão pela extensão de suas costas, devagar.

— Não, porque eu estava com tanta saudades que queria vir te ver logo. — eu não sei como é possível o meu sorriso ser maior e mais nítido, mas surpreendentemente eu não conseguia parar de sorrir. — Mas eu trouxe uma surpresa. — conta, animada.

— É mesmo? E o que é? — assentiu, antes de me prender entre as palmas de suas mãos e me beijar por todo o rosto.

— Sorvete!

— Claro. — eu gargalhei alto, jogando a cabeça para trás. — Que tal tomar um banho antes, uh? Podemos deixar o sorvete de sobremesa depois do jantar.

Ela pareceu concordar, enquanto me permitia colocá-la de volta no chão, mas antes de se preparar para correr, ela me olha.

— Pizza? — o meu estômago se revirou apenas com a menção da palavra, mas ninguém precisava saber sobre como foi o meu dia, muito menos ela.

E além disso, como dizer não aquela coisinha fofa?

Ficava difícil culpar a Natasha por sempre atender aos pedidos fora de hora de Cecília, quando poderia ser facilmente compreensível.

— Claro meu amor, pizza! — ela fecha o punho e comemora dando soquinhos no ar. — Mas só por hoje, agora vai.

「 ... 」

Eu terminava de colocar a mesa com a metade da minha pizza vegana e copos com o refrigerante favorito de Cecília, quando a mesma adentrou o ambiente, de cabelos despenteados, pantufas nos pés, saia rosa com meia calça e camiseta de algum desenho animado que ela curtia, por cima de um moletom. Ela estava na tal fase de se vestir sozinha e parecia fazer de propósito, pois já demonstrou me vestindo uma vez, que ela tinha um certo senso pra coisa. Eu gostava, o quanto mais ela fosse criança, melhor.

Cecília se senta em silêncio e, me observa transitar a cozinha de um lado para o outro.

— Princesa, você veio com a mamãe pra casa? — questiono ao enfim me juntar a ela, intrigada.

Eu ainda não tinha visto Natasha e mesmo quando ela decidia passar o dia em seu estúdio em casa, eu descobri que era um estúdio após percebê-la desaparecer dentro de uma sala trancada por horas –, em algum momento, quando a fome batia, ela saia pra comer.

— Não. — ela balança a cabeça e pega um pedaço para comer, eu agradeço por ela gostar tanto quanto gostaria se fosse uma pizza doce, eu não queria ter que ver a cara daquele entregador duas vezes no mesmo dia. — Eu vim com a titia Wanda, mamãe disse que não poderia me buscar. — explicou, inocente e sem poder me controlar, a minha expressão se fechou.

True Love ↷ Natasha Romanoff. Onde histórias criam vida. Descubra agora