(23) Hermit | 2012

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You're just a little bit
too much like me

—MARINA

Minha respiração estava completamente acelerada, quando saí de um sono leve, e encarei o sol de Los Angeles, pela janela

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Minha respiração estava completamente acelerada, quando saí de um sono leve, e encarei o sol de Los Angeles, pela janela. No mesmo instante, senti inveja de Graham, que dormia feito um bebê na cama à frente da minha.

Era irônico pensar que eu tinha ido dormir com um sorriso no rosto, depois de apresentar uma das várias e gigantes casas do meu empresário a Ammy, e depois de ter feito piadas com ela sobre estarmos namorando e mais um monte de besteiras. Agora, eu acordava com pânico.

Eu odiava isso. Odiava o momento de dormir, e, principalmente o de acordar. Sempre foi doloroso ter que viver essa rotina de sono tenebrosa, quando eu percebia que minha mente era barulhenta demais e insuportável demais, mas... depois que a The Grave começou a marcar um show atrás do outro, tudo parecia ter piorado, nesse quesito.

Dormir era um inferno.

Em agosto do ano passado, quando tivemos que fazer 20 shows em 27 dias, houve um final de semana que eu simplesmente enlouqueci. Tomei 5 pílulas de anfepramona e passei três dias sem precisar oscilar entre a excitação do show, e a necessidade de calmaria. Não precisei dormir naqueles três dias. Se eu não tava no palco ou com os meninos, eu estava com alguma mulher. Ou estava compondo. Lembro que compus um milhão de músicas, em três dias.

É claro que o efeito físico sentido por mim, depois que a substância saiu do meu corpo, foi uma completa merda. E que Mark quase me matou por conta daquilo. E não valia a pena mexer com minha cabeça naquele nível, mas... havia sido insano. Não dormir era tudo o que eu queria.

Se eu não precisasse dormir, eu não precisava passar aqueles longos minutos -às vezes horas- pensando em um milhão de coisas ruins, antes de conseguir, de fato, adormecer. Se eu não precisasse dormir, eu não teria sonhos ruins e reais, sobre coisas que eram meio reais.

E, já que não havia essa opção biológica, ao menos eu devia ser deixado em paz com minhas lindas pílulas mágicas, que nem sempre funcionavam, mas às vezes me deixavam em um coma completo. Sono de 10 horas, sem pesadelos, sem nada. Apenas um vazio. Era aquilo que eu tinha, antes de Mary jogar fora.

Jesus. Eu estava um pouco ressentido com minha amiga. Não era justo que ela e Mark tivessem o direito de implicar com aquilo, se eles dois dormiam feito dois anjos.

E não era justo que tivesse ficado ainda pior dormir sozinho, depois de ter começado a usar aquilo.

Aquele pensamento fez com que eu engolisse em seco. Eu não devia ficar irritado com eles. Se a falta daquela medicação, por uma noite, já havia me deixado irritado, eu provavelmente não devia estar tomando-a mesmo. Talvez isso fosse o melhor para mim, e em breve as coisas fossem ficar mais fáceis, quanto a isso.

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