68 | London Calling

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London Calling,
see we ain't got no swing
'Cept for the ring of that truncheon thing

—The Clash


Nós já estávamos há duas horas, esperando o irmão de Maya chegar de viagem

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Nós já estávamos há duas horas, esperando o irmão de Maya chegar de viagem. E acho que nós três, naquele quarto, com alguns aparelhos telefônicos e alguns contratos digitais, meio desesperados, foi uma avalanche de loucuras.

Tomamos muitas decisões. Ligamos para Mark, para Bob -o meu empresário-, para Phoebe -a empresária de Maya- e em alguns instantes, já tínhamos contatado todas as pessoas importantes, para fazer aquilo acontecer.

E, se não bastasse todo o caos que seria organizar aqueles dois shows, nós decidimos uma coisa perigosa: Iríamos lançar um EP, na próxima semana.

As primeiras seis faixas feitas por nós seriam contempladas nele, e seria uma prévia do álbum -que sabe Deus quando vai sair, de fato-. Era uma boa jogada fazer isso, e Mark concordou. Seria bom, porque aumentaria a divulgação do álbum, ajudaria o público a entender sobre o que se tratava o nosso projeto, e nos permitiria cantar aquelas músicas em nossos shows, sem que fossem desconhecidas à plateia.

Não tínhamos muita certeza do que seria concordado, sobre as estruturas e cenários dos shows, mas sabíamos que iríamos entrar com "We Are Made For It", que tocaríamos o EP inteiro, 4 músicas da The Grave adaptadas para a minha participação, mais 4 minhas, adaptadas para a participação da banda. E...

—Eu acho bom vocês usarem a estrutura do piano. -Maya disse, sua voz grogue ainda permanecendo- Ia ser tão lindo, no meu show. A plataforma subindo, o meu vestido vermelho... Ahhh... eu quero chorar!

Por mais que não tivesse graça nenhuma, eu vi Matthew espremer os lábios para não explodir em gargalhadas. E acho que eu fiz o mesmo.

Eu entendia que era uma tremenda frustração ter que cancelar um show que levou tanta dedicação e carinho, para ser feito, mas Maya estava muito engraçada, por conta daquele analgésico fortíssimo que lhe deram. Ela estava falando coisas completamente sem nexo, fazendo cara de choro, e até pediu para que Dylan se sentasse na cama, com ela, o que foi estranho para cacete.

Mas o homem o fez. É claro que ele o fez. E continuou lá, deixando a menina recostar a sua cabeça sob o seu ombro, e tomando cuidado para não tocá-la demais, o que era um pouco adorável. Tão doce quanto aquele coelhinho gigante de pelúcia, que ele trouxe à minha amiga.

Por mais que ambos tivessem falado que o que quer que tenha acontecido entre eles não foi tão significativo, aquela demonstração de carinho dizia o oposto.

E, de repente, eu estava torcendo por um casal que sequer existia.

—Na verdade, 2 ou 3 músicas acústicas é uma boa ideia, não é? -Dylan perguntou, com a voz baixa, para não incomodar a minha amiga- Dependendo de quais faixas vocês escolherem, completa os 90 minutos de apresentação.

Soa Como Desastre (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora