52 | Orpheus

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Would you let me cut off your ears
With the screams coming from my throat?
Or would you pretend to be deaf?
Babe, please, tell me
There was something real?

I need to know
If you gonna hear my dead screams

—Betty B.

Eu engoli aquele líquido meio salgado demais, meio fibroso e meio ruim, com muita dificuldade

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Eu engoli aquele líquido meio salgado demais, meio fibroso e meio ruim, com muita dificuldade. Não só porque minha garganta doía, e nem porque Ammybeth não tinha as melhores habilidades culinárias da face da terra, mas porque eu sentia uma angústia muito estranha no peito.

Eu olhei para ela, separando vitaminas na minha caixa de remédios, procurando aspirinas e outras coisas que pudessem acabar com minha dor física, e eu percebi que estava tudo piorando.

De repente, ficar calado foi a coisa mais difícil que eu precisei fazer na minha vida.

A menina chegou perto de mim, e então se sentou ao meu lado. Aquela saia de Ammy era tão curta, que aquele movimento fez as suas pernas ficarem praticamente todas expostas. Ela deu um suspiro longo, e confesso que fiquei nervoso, no instante em que ela pediu licença e passou um gel de eucalipto, no meu colo descoberto pela blusa cavada demais.

—Vai te ajudar com o nariz. -explicou.

Eu sabia daquilo. Assim como eu sabia me cuidar sozinho, já que eu era um homem adulto. Mas, confesso que gostei de tê-la cozinhando para mim, e trazendo remédios, me mandando tomar aquelas vitaminas, e depois reclamando que eu não tinha laranjas em casa, e, então, trazendo compressas geladas para me ajudar com a enxaqueca.

É claro, também, que apesar dos cuidados, a minha dor de cabeça aumentou, quando eu comecei a pensar sobre a composição de Ammy. Mas eu nunca negaria uma coisa boba dessa a ela.

Ainda mais que... ver aquela letra, tocar a melodia prévia feita pela menina, tentar ajustar para tomar a carga emocional que aquelas palavras precisavam, era muito estranho. Ela me pedir para fazer aquilo, parecia como uma busca por socorro.

Aquela música era arrasadora. Era triste demais. Era preocupantemente triste, quando ela falava coisas sobre estar gritando, e sentindo que se afogava a a cada vez que pedia socorro aos céus, e que só queria saber se 'ele' poderia ouví-la. E era arrasador como Ammy mordia os lábios, meio ansiosa para que eu falasse alguma coisa.

Eu não tinha como cantar muito bem, para tentar ajustar melhor com a melodia, mas eu cantarolava em minha cabeça e tocava o teclado, sob meu colo. Mesmo com aquela versão mais que bruta, eu queria falar muitas coisas.

Soa Como Desastre (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora