90 | California

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I'll catch you on the flipside
If you Come back to California

—Lana Del Rey

—Lana Del Rey

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—Ammy. -ouço uma voz baixa me chamar e, saindo do meu estado sonolento, vou me dou conta de onde estou.

O barulho do pequeno avião transpassando os continentes, a noção de que estávamos voltando para a Califórnia, e de que faltavam apenas 3 dias para a nossa volta começava a fazer parte do meu consciente e me cortar por inteira, trazendo a noção de que eu não queria ter saído da nossa pequena e irreal vida britânica.

Não que eu não estivesse ansiosa para tocar: Deus sabia que eu tinha planos de execução e muitas, muitas coisas ensaiadas para fazer do Coachella a minha melhor apresentação de todos os tempos. Deus sabia que eu queria aquilo mais do que tudo.

Mas, puta merda, eu estava com medo de como as pessoas reagiriam à sequência performática do que era, no fim, a minha vida real. Eu estava tão exposta a todos. Tão transparente sobre meu relacionamento com Matthew e sobre como eu e Liam tínhamos terminado. Sobre o fato de que o melhor amigo de Matty e a minha melhor amiga estavam em uma confusão pública. Sobre a garota para quem dediquei músicas ácidas estar sentada no mesmo avião que eu, depois de me ajudar em tornar  nosso trabalho um sinônimo de perfeição. Sobre o fato de que há meses eu estava transtornada.

Respirei fundo, afastando aqueles pensamentos e esfregando os olhos.

—Mary, oi. -falo, baixinho e tentando lhe fornecer um sorriso leve.

—Desculpa te acordar.

Eu gesticulo para dizer a ela que não precisava se preocupar. E então, percebo que com exceção dela e de Carly, que se encontram em um pequeno sofá de frente a uma mesa, estão todos dormindo.

Matty, na poltrona ao lado da minha,  encolhido sob o capuz, com o rosto parcialmente escondido, mas ainda possuindo linhas de tensão. Os últimos dias haviam sido uma maratona intensa de trabalho e preocupações. E o vocalista acabava se tornando pauta principal, quando o assunto era saúde mental, devido ao seu histórico de nunca falar quando está mal e, então, de repente, enlouquecer.

Olhando para ele dormindo, e resistindo à vontade de acariciá-lo, penso que Matthew está bem. Nós dois estamos. Porque temos pessoas incríveis ao nosso redor, temos talento e a certeza de apoio um no outro. Não importa o que os pensamentos negativos queiram nos dizer, tínhamos firmeza no que queríamos e no que precisávamos construir para as nossas vidas e nossas carreiras.

À minha frente, Alex segurava seu filho no colo. O pequeno dormia aninhado, completamente à vontade, enquanto o baixista claramente iria acordar com torcicolo (o que, dada à doçura da cena, eu duvidava que ele fosse reclamar). Mais adiante, Dylan ocupava dois assentos, rodeado por travesseiros, como se quisesse compensar o cansaço acumulado. Graham estava logo atrás, parecendo quase desmaiado.

Soa Como Desastre (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora