(25) From the Dining Table | 2019

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Maybe one day you'll call me
and tell me that you're sorry too

—Harry Styles

—Bee, a sua voz está falhando

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Bee, a sua voz está falhando.

—Bee, mais alto.

—Bee, o agudo não está bom.

—Bee, mais uma vez.

—Que porra é essa, Ammybeth? Vamos passar a noite inteira aqui, se você não fizer direito!

Foi a última frase que me deu forças para cantar o primeiro refrão de "All My Skins". Não foi Jesse sendo gentil e compreensivo comigo, considerando o quão atordoada eu estava, naquela noite. Foi Matthew sendo estúpido e grosseiro, porque a voz irritante dele me fez querer evitar ficar ali, por mais tempo.

E foi só nós terminarmos de gravar aquela primeira música, que daria início ao álbum, que eu vim para casa. Sei que Matthew e Jesse ainda ficaram pelo estúdio, fazendo alguns ajustes, mas eu... eu simplesmente não conseguia mais.

O dia havia começado uma merda. Eu não tinha dormido bem, por conta das discussões com Liam. E, toda a minha empolgação para montar looks divertidos para o estúdio, morreu no segundo em que Matty se aproximou de mim, porque eu sabia que aquilo me geraria mais problemas.

Para finalizar, tivemos que gravar uma canção logo depois de uma discussão estúpida, que não levou a lugar algum, e tirou toda a minha concentração.

Porra. Eu só queria dormir.

Eu não aguentava mais brigar com Liam, porque parecia que um pedaço de mim quebrava, todas as vezes. Ele era uma das únicas pessoas que eu sabia que estaria sempre por mim e... e agora parecia que eu o irritava com qualquer movimento. E não por menos.

Talvez Liam estivesse certo. Talvez eu não fosse confiável, porque senti mesmo alguma coisa por Matthew, quando ele sussurrou coisas em meu ouvido. Talvez eu fosse uma vadia, assim como meus irmãos adoravam afirmar, antes de eu ser famosa.

Acabei derramando algumas lágrimas, enquanto eu passava pelo Twitter e via o vídeo em que eu e Matty estávamos no estúdio. Alguns deles estavam com zoom e com imagens desaceleraras, para que pudessem explicitar o meu tremor, quando senti a mão dele em minha cintura.

A minha ideia de vestimenta para dar pistas sobre o novo álbum havia dado certo, é claro. Não falavam sobre outra coisa, mas... mas falavam, também, de quanto nós parecíamos estar de volta como casal, e foi isso que me fez chorar.

Liam ainda estava nas gravações, mas, eu sabia que no instante em que ele tivesse minutos de folga e pegasse o celular, eu teria que inventar alguma justificativa para o injustificável.

Eu o queria de volta aqui. Eu queria ele aqui, para que ele compreendesse, de uma vez por todas, que eu nunca trocaria ele por Matthew. Nunca. Se ele visse o ódio estampado em nossos olhares, ou a forma como gritamos um com o outro no estúdio, ele confiaria em mim.

Ou talvez não. Porque eu não era confiável.

Outras lágrimas desceram o meu rosto, quando abri os arquivos do meu computador, em busca de um drive -onde estavam algumas das músicas da The Grave que Jesse havia me mandado, no início do ano- e me deparei com algumas coisas minhas, de Matthew e de Vênus, no  iCloud.

Eu tinha pensado bastante no gato, nos últimos dias, porque eu sabia que ele estava perto de mim.

Mas, não tive coragem de pedir a Matthew para ver o bichinho, porque eu sabia que... eu sabia que isso desencadiaria mais uma discussão sobre o nosso passado, e sobre o porquê de nós nos odiarmos tanto.

Me agarrei àquele vídeo, e o olhei com muito cuidado, apesar de as lágrimas terem destruído o foco da minha visão.

Meu rosto risonho aparecia na filmagem, combinando com meu olhar traiçoeiro. A imagem era ruim e granulada, gravada pelo meu iphone 4 da época, e meio escura, também. Mas dava para ver perfeitamente o que estava acontecendo ali.

—Eu preciso contar algo para vocês. -eu falei, aos sussurros, com minha boca pertinho do microfone- Esse é Matthew Daves.

Logo, aparecia ele envolvendo a minha barriga e o  gato, com seus braços, mas apenas por alguns segundos, antes de eu voltar a câmera para mim, de novo.

—Esse é o impassível. O descolado, bom demais para sentimentos. O alfa maldoso. -caçoei, e logo mostrei-o, mais uma vez.

Nos próximos segundos, ele se afagava na barriguinha do felino, ainda por cima de mim. Lembro de ter pedido-o para tomar cuidado com Vênus, naquele dia. Usá-lo como travesseiro podia esmagar o coitado.

Matthew deu um sorrisinho tranquilo e até um pouco sonolento, para a câmera.

—Olhem como esse homem é perigoso. -sussurrei, de novo.

—Cale a boca, amor. -ele riu.

No segundo em que a frase saiu pela sua boca, eu virei a câmera do celular, tentando enquadrar os três. Ficou meio tremido, mas... mas estávamos lá.

—Oh meu Deus! -arregalei os olhos, fingindo estar indignada- Não me mande calar a boca perto do nosso filho.

Imediatamente, Matthew tentou tirar a câmera da minha mão, e as nossas risadas foram audíveis, naquele momento. Apareceu, de relance, Vênus saindo da cama, meio assustado com nossos movimentos bruscos.

A filmagem acabou, no instante em que ele usou os lábios para me distrair, e tirou o aparelho de mim.

Eu olhava para aquilo, imaginando o porquê de eu nunca ter apagado o vídeo. O porquê de eu nunca ter apagado vários daqueles, na verdade. E o porquê de aqueles olhos apaixonados parecerem tão ridículos, agora.

Como eu poderia ter amado-o tanto, e hoje sofrer por cada segundo perto dele?







Queria dizer que tive um surto criativo e postei 2 capítulos hoje, mas não é bem verdade hahahaha

Esse trecho fazia parte do 24, mas resolvi separar para que ele não ficasse gigante!

Soa Como Desastre (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora