47 | The 1

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I persist and resist the temptation to ask you
If one thing had been different
Would everything be different today?

—Taylor Swift

Ver Ammy chorar era uma das coisas mais dolorosas da face da terra

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Ver Ammy chorar era uma das coisas mais dolorosas da face da terra. Mas, infelizmente, não tão incomum assim, porque ela era sensível demais. Sempre foi. E acho que foi um dos motivos que me fizeram ficar apaixonado por ela.

Mas, vê-la chorar por minha culpa, me fazia desejar -apenas momentaneamente- que ela fosse mais fria. Que ela conseguisse segurar um pouco as lágrimas, quando estivesse à minha frente, para que eu não fosse obrigado a sentir aquela sequência de socos no estômago, de apertos no peito, e de alma perdida.

A cada vez que ela berrava e amaldiçoava o meu nome, e desejava que eu tivesse feito alguma coisa, naquele ano, e repetia que merecia ter tomado conhecimento, eu segurava-a com uma força maior.

Eu odiava a minha cabeça por não ter a memória de quando havia sido a última vez que eu tinha abraçado-a, mas torci para que as circunstâncias não tivessem sido parecidas. Porque, honestamente, bastava. Bastava de eu sendo motivo de sofrimento. Bastava de eu fazendo tudo errado, quando eu nem sabia direito como me comportar. Bastava de eu fazer Ammybeth derramar lágrimas, ou de fazê-la querer me empurrar e me agarrar ao mesmo tempo.

Quis saber o que estava passando na cabeça dela, porque eu juro... juro que quando confessei aquela história, apesar de o tom da nossa conversa já ser um pouco melancólico, eu não estava esperando que Ammy fosse começar a chorar. Afinal, ela estava sempre preocupada com aquele seu namorado ridículo, que eu sequer conseguia pensar no nome, estava sempre me dizendo que eu era um canalha e afirmando desejar estar longe de mim. Mas ela estava me agarrando. E, tão forte, que, em algum instante que eu não consegui distinguir qual, Ammy me fez cambalear e acabamos no sofá.

Passei a mão pelo cabelo ruivo e tingido, me perguntando o porquê de ela ter abandonado aquela linda bagunça loira, que tinha antes. Não que não estivesse lindo. Estava. Mas... acabei ficando curioso. Assim como fiquei curioso com o porquê de a cintura dela parecer tão menor, sob as minhas palmas, do que era antes. E fiquei revoltado também, porque ela tinha várias diferenças físicas, desde a época em que namoramos, mas ainda era bizarramente igual, aos meus olhos.

Mesmo quando estava chorando, e fungando, e com uma voz falha e dolorida.

—Eu odeio tanto você. -ela soluçou, enquanto os dedos envolviam o meu braço, com intensidade.

Por mais que muitas opções de resposta surgissem em meu cérebro, eu apenas afaguei a menina, segurando o seu rosto trêmulo contra meu peito, e não resistindo à vontade de beijar o topo da sua cabeça. Ammy ainda usava o mesmo shampoo infantil com cheiro de mel, aparentemente. O mesmo que já foi motivo de brigas nossas várias vezes antes, porque ela odiava quando eu usava-o. E eu usava sempre que podia, porque eu adorava como o rostinho dela ficava vermelho, quando se irritava.

Soa Como Desastre (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora