49 | Mind Over Matter

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And when the seasons change
Will you stand by me?

—Young the Giant

Ammybeth, Nova Iorque, setembro de 2012

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Ammybeth, Nova Iorque, setembro de 2012. Seis meses desde a viagem. Dois meses antes do término.


Não há nenhum milímetro de culpa minha nisso, eu repeti para mim mesma, pela décima vez, desde o início da noite.

A primeira, foi quando vi Matthew cheirar uma carreira de cocaína, no banheiro de uma das premiações mais importantes da América. A última foi agora, quando eu vi ele se sentar no chão, parecendo estar com uma energia estranha e confusa.

Não foi a primeira vez que eu vi-o sob efeito de estimulantes. Já tinha acontecido outras três ou quatro vezes, em tempos espaçados, e sempre no mesmo contexto: pré-show. Todas quando ele estava cabisbaixo ou sem ânimo para tocar, e jurou precisar de alguma merda para fazer aquilo direito.

Eu não entendia, daquelas vezes. Eu não entendia como ele podia ficar ansioso pela ideia de tocar para dezenas de milhares de pessoas que não dariam a mínima se ele desafinasse. Eu não entendia porque Matthew se cobrava tanto, para fazer tudo perfeito. Eu não entendia porque ele deixava a merda da mãe dele falar qualquer coisa sobre o que ele estava fazendo com a banda. Eu não entendia porque ele deixava um crítico amargurado tomar um espaço tão grande na sua cabeça, quando tinha vários outros elogiando o seu trabalho.

Sempre achei-o tão confiante com suas próprias músicas, com sua própria personalidade ou com tudo ao redor de si. Até que eu vi Matthew surtar com o empresário dele, porque não suportava olhar para as próprias músicas. Porque estava odiando a ideia de lançar um álbum que havia custado milhões para ser produzido. Porque odiou as sessões de foto, e não falou as coisas certas nas entrevistas e... Porra.

Eu percebia ele tendo pequenos colapsos desde o primeiro mês em que estávamos juntos. Sempre tinha alguma coisa que o incomodava, sobre si mesmo. E também sempre tinha alguma coisa que o orgulhava, que, normalmente, parecia sempre ser mais significativa.

Hoje foi diferente. Hoje, quando um entrevistador olhou nos olhos dele e disse que o público estava insatisfeito com a vitória de "We were made for it" como single do verão, eu vi que ele se incomodou. Eu vi que ele não estava exatamente feliz, desde o início da premiação, por conta das brigas com Mark, e que ganhar a categoria não ajudou tanto o seu humor, já que as pessoas já estarem comentando, na internet, que ele parecia ingrato e insatisfeito. E ver as pessoas chamando-o daquilo, só o deixou mais frustrado e...

Não sei. Tinha algo de errado com Matthew.

Desde ontem, parecia que tinha algo sem funcionar direito. Ele acordou no meio da noite, com o peito acelerado, mesmo depois de ter tomado mais de um comprimido para dormir, e abraçou o meu corpo. Ele estava nervoso, enquanto me segurava, e eu acabei ficando nervosa também. Porque ele era o mais frio, de nós. Eu é quem me tremia para entrar no palco, eu quem quase surtava para gravar músicas, eu é quem, às vezes, acordava com urgência de tê-lo por perto. Matthew costumava me acalmar, e hoje parecia que os papéis estavam invertidos, mas que eu não sabia como exercê-lo.

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