93 | Flame

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Your voice moves like smoke the through and rafters,
soft as sermons, cruel as wine.
Honey, you're mean to me

—The Grave

—Jesus Cristo

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—Jesus Cristo.

A palavra escapa dos meus lábios como um sussurro, tão baixo que mal rompe o silêncio do quarto.

Ammy vira ligeiramente a cabeça na direção do som, sem se mover de onde está.

Não vejo as cortinas de tecido fino que filtram a luz do sol, nem o carpete macio sob meus pés. O costume de reparar nos detalhes de todos os quartos de hotéis em que entro some. Não consigo prestar atenção em nada que não seja aquela imagem diante dos meus olhos.

Ammybeth está de pé diante do espelho, e a luz que entra pelas janelas parece escolhida a dedo para iluminá-la. O vestido vermelho abraça cada curva do seu corpo com uma precisão quase cruel, como se fosse feito para ela, e não para sua amiga. O tecido é rico, como se tivesse sido retirado diretamente do guarda-roupa de uma princesa medieval: seda brilhante que captura e reflete a luz, criando uma aura ao redor dela.

Ela se vira um pouco, examinando-se no espelho com uma expressão que mistura dúvida e fascínio.

—Não sei como me sinto sobre ele. — Sua voz preenche o silêncio.

Eu sei.

Sei como me sinto sobre isso. E me sinto sem fôlego.

Me aproximo, como se estivesse pisando em vidro. Ela continua olhando para o reflexo, com algo estranho em sua expressão.

—Foi muito gentil Maya ter me dado ele. — Ela diz, com um sorriso pequeno. — Mas foi feito para ela, e não para mim.

Não existe nada nesse vestido que seja mais digno de Maya do que dela. Mas eu sei que minha opinião é completamente corrompida pelo fato de que eu a acho a mais bonita de todas as mulheres que existem.

E... por Deus...

O que vai significar vê-la assim, sob a luz do palco, parecendo uma maldita deusa, enquanto canta para milhares de pessoas?

—Não sei se tem espaço para o meu diafragma se mover. — Ela respira fundo, como se estivesse testando os limites do vestido.

Eu dou um pequeno sorriso.

—Parece que está se saindo bem. — Tento manter a voz estável, apesar de já conseguir sentir uma eletricidade pelo meu corpo.

—Eu cantei um pouco com ele. —Ela me diz, deixando claro que aquele pouco tempo fora suficiente para ela testar —Se eu não comer nada até amanhã à noite, acho que conseguirei.

Não consigo não revirar os olhos, por conta daquela brincadeira.

—Se não comer nada até amanhã à noite, você não vai ter forças para subir ao palco.

Soa Como Desastre (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora