"-Você vai ser minha de novo -Matthew declarou, com a voz mais rígida, do que carinhosa- Não me importa quanto tempo vai demorar. Não me importo se você vai resistir. Mas acontecerá."
Quando o amor pareceu não ser o suficiente para mantê-los juntos...
Cause we break down a little But when you get me alone, it's so simple
—Taylor Swift
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Eu não deveria estar aqui. Assim como eu não deveria ter estado aqui na noite em que tomei um porre no estúdio, ou quando apareci, há dois dias atrás, depois do karaokê.
Especialmente, eu não deveria estar aqui com essa roupa. O corset preto que me apertava e tornava os meus peitos maiores do que eles realmente eram, e a sainha mal cobria a minha bunda, que eu havia separado para usar no aniversário de Maya - onde eu deveria estar, em poucas horas.
Percebi isso, no instante em que vi o empresário de Matthew passar os olhos nas peças, e dar um sorriso meio impressionado, do tipo "por que ela está vestida como uma gótica safada em plenas quatro horas da tarde?".
E eu quase quis me explicar, apesar de ninguém ter perguntado nada.
Passei a manhã inteira no estúdio com Jesse, me perguntando como Matthew gravaria alguns dos riffs que nós tínhamos pensado, e se ele gostaria de como a minha voz estava soando, ou se acharia que estava faltando potência. Passei a manhã inteira amaldiçoando-o, porque ele estava tornando tudo muito pior, ao me evitar.
Porra, mentir que estava doente, por conta daquela nossa cena? Ele deveria dizer a verdade uma vez na vida, e confessar que estava incomodado com minha presença, ou que precisava de uns dias longe. Considerando que eu também estava atordoada, eu não iria julgá-lo, se falasse aquilo.
Matthew tinha motivos para não querer me ver. Talvez, ele tivesse incomodado ou assustado, por conta do meu xilique. Talvez, ele se sentisse mal, por eu ter acusado-o de estar me manipulando. Talvez, ele estivesse puto comigo, por ter gritado com ele em sua própria casa. Ou... não sei.
Mas uma coisa que ele não podia fazer era ficar dois dias sem dar qualquer satisfação, especialmente, não depois de ter divulgado ao mundo inteiro que estávamos trabalhando juntos, porque aquela era a nossa oportunidade de posar e fazer muito dinheiro. Esse era o momento em que deveríamos estar juntos, para pensar no melhor futuro para o nosso álbum. Depois de duas semanas completas, nós nem decidimos quais eram as faixas que valiam a pena modificar, quais deveriam ir ao lixo, ou quantas músicas o projeto deveria ter. Não tínhamos noção de ordem, nem de início, muito menos de fim.
Mas tínhamos uma promessa. Tínhamos que entregar alguma coisa aos nossos fãs, e não seria possível fazer aquilo, se ele continuasse me ignorando.
Por isso que, quando saí do estúdio, e fiquei ansiosa o suficiente para vestir a roupa que eu usaria no aniversário da minha amiga, fazendo-me terminar muito antes do que eu deveria, tomei a decisão de vir aqui. E, agora, eu me encontrava na sua porta, com uma bolsinha minúscula na mão, e o meu caderninho de glitter azul -porque o rosa havia sido perdido há anos atrás-, com expressões meio tímidas.
