PLAYING WITH YOU

48. NEVER TEARS US APART

Não preciso te dizer que

Eu amo o seu precioso coração

...

Euestava de pé

Você estava lá

Dois mundos colidiram

E eles jamais poderão nos separar

Never Tears Us Apart - INXS

Eu não poderia estar mais feliz em minha vida. Eu e Niall estávamos cada dia mais apaixonados, eu estava cada vez mais próximo e unido com meus amigos, estava jogando cada vez melhor, com meu domínio natural da bola e as técnicas e táticas ensinadas pelos meus professores e pelo técnico, eu comecei a sair em algumas reportagens de revistas e canais locais e até mesmo uma atenção maior do que todos os garotos do time, até mesmo de Niall, quando a BBC Sport fez uma reportagem sobre o time de base do Liverpool.

Estava até mesmo esperançoso quanto a tirar minha carteira de motorista em um futuro talvez não tão distante assim. As aulas particulares de direção que Niall me dava em algumas horas aos domingos, sempre que não tínhamos partidas ou estávamos na cidade sem compromisso, e não tão exaustos por causa dos treinos e jogos. Apesar de não ter tido coragem de tentar dirigir nas ruas da cidade, eu conseguia dirigir, muito lentamente pela estrada pequena da chácara que Niall alugava para eu aprender a dirigir. Como esperado, apesar de ser um professor focado e sério, ele tinha muita paciência e sempre me dava boas recompensas, até em meus pequenos progressos.

Eu saía mais vezes para beber e dançar, não só com Niall, Drew, Peter e Álvaro, como também com alguns outros caras do nosso time, Niall e meus amigos, me levaram para um sábado de turismo e compras em Liverpool, e até mesmo em Londres quando após uma vitória decisiva contra o Arsenal, numa quinta-feira, ganhamos a sexta-feira de folga e fomos, todo o grupo, visitar Becky e Vic.

Apesar das visitas aos pontos turísticos mais famosos, os pubs, restaurantes populares irmos com o grupo maior, sempre tinha uma sexta-feira à noite que Niall me levava para um encontro em resultantes muito discretos e finos, ou lugares românticos e aconchegantes.

Nós ainda tínhamos medo da exposição, claro, principalmente com minha ida cada vez próxima para o time principal do Liverpool, onde eu ficaria mais conhecido e em evidência, mas tentávamos sempre escolher lugares que eram conhecidos por sua discrição, Niall algumas vezes até seguia meu exemplo no seu aniversário, e reservava todas as mesas por algumas horas. Quando não era possível íamos de boné, chapéus (sim, eu me tornei hipócrita ao usar um chapéu ridículo tal qual Harry), gorro, e até mesmo cheguei a usar meus óculos de leitura, e Niall usou um sem grau que ele tinha como acessório.

Setembro, outubro e novembro voaram, de repente dezembro havia chegado com o frio, com minha despedida dos meninos, de Niall e do dormitório. Apesar de finalmente ver sentido no futebol, de gostar de jogar e de aceitar que o futebol era minha profissão, de ter um pouco mais de segurança para interagir com os outros jogadores, do meu medo avassalador ter diminuído consideravelmente, assim como minha ansiedade (não por causa da terapia ou das consultas com o psiquiatra, que raramente fui, pois com a volta dos campeonatos e eu cada vez mais sociável, e também cansado, não conseguia tempo), da minha vergonha e fobia social estarem menos acentuadas, eu estava indo sozinho para o time principal.

Tudo ficou mais fácil após conhecer Niall. Ele me fez ver que eu era capaz de gostar do que eu fazia, ver minha capacidade de fazer amigos, de conviver bem com os outros. E justamente quando eu me adaptei, eu teria que mudar tudo de novo, sozinho mais uma vez em um time já formado, um time já entrosado, e pior, um time com Paolo.