4 - Um velho incrível

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Isabelly Moretti 

O telefone desperta às 4h30 da manhã. Abro meus olhos em um quarto escuro, mas um sorriso animado ilumina meu rosto, e pulo da cama com entusiasmo. Hoje é o dia em que finalmente começo a fazer algo por mim, algo que eu realmente quero. Vou até o banheiro e, ao acender as luzes, encaro meu reflexo no espelho. Meus olhos castanhos cor de mel brilham intensamente. Em seguida, pego minha escova de dentes no armário e aplico a pasta. Após enxaguar a boca e lavar o rosto, aplico o protetor solar.

Retorno ao quarto e vou até o meu closet. Lá, escolho uma calça jeans que está dobrada no armário, entre várias outras opções. Opto por uma camiseta preta da Fulteck, a marca do amigo do tio Steve, Anderson Dick. Retiro minha bermuda e camiseta, vestindo uma calcinha e, em seguida, a calça, deslizando pelas minhas pernas e fechando o zíper. Coloco um sutiã, a camiseta e calço meias, terminando com um par de tênis confortáveis.

Volto ao espelho do banheiro, pentear o meu cabelo, prendendo-o em um rabo de cavalo. Verifico a hora no celular; ainda são 5h, tempo suficiente para um café da manhã adequado. 

Abro a porta do quarto e desço as escadas em direção à cozinha. Ao passar pela sala de estar, graças às grandes janelas, posso ver que lá fora ainda está escuro. 

Quando chego à cozinha, percebo que ainda ninguém acordou, e tenho a companhia silenciosa dos móveis brancos com tampo de mármore preto. Sempre gostei da cozinha da nossa casa; é um ambiente moderno e bem organizado que me traz uma sensação de conforto.

Meu estômago ronca, lembrando-me de que é hora de comer, e decido preparar um café forte. Pego o café em pó no armário, escolhendo o meu favorito, e um filtro, e coloco tudo na máquina. Utilizo seis colheres, pois prefiro o café mais encorpado e com um sabor robusto que me ajuda a despertar. Enquanto a máquina começa a preparar a bebida, sinto o aroma do café se espalhar pela cozinha

Em seguida, vou ao armário e pego um pão integral de grãos. Lembro da paranoia da minha mãe, que insiste que alimentos saudáveis são essenciais para a saúde da família. Isso me faz sorrir, já que essa preocupação surgiu quando meu pai, quando jovem, pensou que tinha câncer e que estava prestes a morrer.

Depois de colocar o pão na torradeira, pego uma xícara e despejo o café recém-preparado. Ao prová-lo, o sabor me agrada; está delicioso. Enquanto isso, a torradeira cospe minha torrada. 

Pego o prato com a torrada e a xícara de café, equilibrando-os com cuidado, e os coloco no amplo parapeito em mármore branco da grande janela da cozinha. Este é o meu lugar favorito da casa, onde posso desfrutar do meu café da manhã enquanto aprecio os primeiros raios de sol que começam a iluminar o dia.

— Caiu da cama, princesa? — a voz rouca de Anthony me arranca dos meus devaneios.

Lentamente, viro-me na sua direção, sentindo meu coração disparar no peito. Meus olhos deslizam involuntariamente por ele, que está vestindo apenas uma calça de moletom cinza. Seu abdômen está à mostra e coberto de suor, destacando suas tatuagens que se multlipicaram consideravelmente desde a última vez que nos vimos. 

Observo com cuidado, e no final do abdômen dele, destaco as marchas de um carro tatuado, a minha favorita, dentre todas.

— Para de me secar assim, prima! — ele diz com deboche, e acabo rindo suavemente.

— Não seja tão convencido, Anthony. Eu só estava admirando sua última tatuagem... — Comento enquanto volto minha atenção para a janela. 

Pego a xícara com a mão direita e levo-a aos lábios, saboreando meu café.

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora