59 - Um choque de realidade

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Simplesmente, o jatinho que Eros garantiu ter alugado apresentou uma falha mecânica, e estão trocando de aeronave. Talvez seja o destino cobrando o preço pela forma como fui insensível com todos. 

Mas sabe o que é o pior? É a maldita sensação de que nada está certo, porque, na verdade, só está certo quando estou com eles. Não estou sendo egoísta; eu preciso que eles fiquem bem, eu preciso que eles fiquem em segurança, e o único jeito de fazer isso é eu matando cada uma das pessoas que podem machucar ou colocar minha família em risco, porque a verdade permanece: se eu perder mais um deles, eu não serei capaz de sobreviver.

— Ei Isa, vai dar certo. — Eros diz com um sorriso de canto, colocando a mão no meu ombro. 

Mas algo no olhar dele está diferente; mal me encara e começa a percorrer a sala de espera luxuosa do aeroporto, como se fugisse de mim, como se fugisse de uma conversa que não quer ter.

Engulo em seco. Não estou bem, não depois do que fiz, não depois de machucar as pessoas que amo. Caminho até a grande janela de vidro, onde vejo um jatinho parado lá embaixo, destacando-se contra o céu escuro do lado de fora. A pista está movimentada, com funcionários correndo para solucionar o problema técnico.

— Já faz 2 horas, Eros. Impossível que demore tanto para trocar o jatinho. — Falo de forma brusca, e ele sorri novamente antes de pegar o telefone, afastando-se para falar. 

Observo ao nosso redor, as pessoas apressadas, carregando malas elegantes e conversando em diferentes línguas. O que será que meus pais estão fazendo agora? Será que já sabem que eu saí? E Anthony, para onde foi? Que planos será que eles tinham comigo?

— Tudo certo, podemos embarcar. Eles já fizeram a troca do jatinho! — Eros diz suavemente, tirando-me de meus devaneios. Ele pega minha mala, e caminhamos rapidamente até a escada rolante que desce até a pista.

Logo, avisto o novo jatinho na pista, reluzindo em elegância. Caminhamos até lá rapidamente. Eros me ajuda a entrar, e eu me dirijo até a poltrona, sentando-me confortavelmente. O interior da aeronave é sofisticado, com assentos de couro e uma paleta de cores que transmite luxo e tranquilidade. Finalmente, chegou a hora. A sensação de alívio se mistura com a culpa que ainda carrego, refletida em meu olhar enquanto observo a pista se distanciar sob as asas da aeronave.

(...)

Após as 11 horas mais exasperantes da minha vida, finalmente estamos a caminho do complexo dos Camorra, onde Amanda e Petter estão. À medida que nos aproximamos, meu coração parece querer saltar do peito, uma fúria incontrolável ecoando em minhas veias.

Finalmente, vou reencontrar aqueles malditos e exterminar com a raça deles; até o final desta noite, vou desmembrar Petter em milhões de pedaços, sem dó nem piedade. E fazer a Amanda pagar por ter usado e magoado Anthony, aquela vadia vai finalmente entender do que uma Moretti é capaz. Meus punhos cerram com a antecipação da vingança, cada pensamento alimentado pela chama ardente de revolta. 

— Está preparada para acabar com isso de vez? — Eros pergunta, um sorriso sarcástico brincando em seus lábios.

— Eu vou acabar com eles... Ninguém, absolutamente ninguém, mexe com minha família — Rosno, as palavras saindo de meus lábios como um juramento. 

O motorista estaciona em frente ao complexo, uma grandiosa estrutura que imita as principais construções de Roma, evocando uma imponência intimidante. As colunas majestosas erguem-se representando o poder e a influência dos Camorra. 

Eros desce do carro com a elegância de um predador, e eu faço o mesmo. Caminhamos lado a lado em direção aos imponentes portões, e os homens que zelam pela entrada reconhecem imediatamente Eros, abrindo-os com respeito. 

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora